Diante dos preços recordes registrados no primeiro semestre de 2016 e dos valores ainda remuneradores, os produtores rurais voltaram a investir na cultura do milho na safra de verão. Com isso, a área destinada ao plantio do cereal na temporada 2016/17 poderá registrar um aumento de até 10% no Brasil, segundo o consultor da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze. E, caso o clima seja favorável, a produção poderá totalizar 30 milhões de toneladas.
O avanço do milho deverá ser registrado na região Centro-Sul do País e, principalmente em áreas antes ocupadas com a soja, devido à competitividade do cereal frente à oleaginosa nesse momento, segundo explicam os analistas. Cenário inverso do observado ao longo das últimas safras, já que a desvalorização nos preços do milho e a liquidez no mercado da soja fizeram com muitos produtores decidissem pela oleaginosa na safra de verão.
Somente no ciclo 2015/16, a área plantada com o cereal ficou ao redor de 5.387.700 hectares, de acordo com os números oficiais da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o que resultou em uma produção de 25.853.600 toneladas.
Em Minas Gerais, o aumento na área cultivada com o cereal deve chegar a 15%, totalizando 1.07 milhão de hectares, segundo levantamento da Céleres Consultoria. “Deveremos acompanhar esse crescimento especialmente na região do Triângulo Mineiro. E a expectativa é de uma safra próxima de 7 milhões de toneladas, um aumento de 20% em relação ao ciclo anterior. Além da área, também deveremos observar uma certa recuperação na produtividade das plantações”, disse o analista de mercado da Céleres Consultoria, Enilson Nogueira.
Os produtores mineiros ainda não iniciaram a semeadura do cereal, uma vez que ainda aguardam a consolidação das chuvas. “Normalmente, esses trabalhos nos campos ganham ritmo a partir do mês de outubro no estado”, completou o analista.
Outro destaque na safra de verão é o Rio Grande do Sul e a expectativa é que haja um aumento de 10% na área plantada do grão. Assim, os produtores deverão semear 900 mil hectares com o cereal. Segundo o presidente da Apromilho (Associação dos Produtores de Milho), Claudio de Jesus, alguns fatores como o preço da saca do cereal, próximo de R$ 45,00 no balcão, o potencial de exportação do País tanto para o grão quanto para o setor de aves e suínos e a recuperação dos solos, que sofreram com erosões no último ano, estimularam o investimento na cultura na safra de verão.
Segundo último boletim informativo da Emater/RS, os produtores aproveitaram as condições meteorológicas favoráveis para acelerar a implantação da cultura. Até o momento, pouco mais de 46% da safra já foi cultivada no estado. “As lavouras implantadas apresentam bom stand inicial de plantas e baixa incidência de pragas”, informou a entidade em nota.
No Paraná, o cenário é semelhante, uma vez que o clima também tem contribuído para o avanço do plantio do grão. Segundo dados reportados pelo Deral (Departamento de Economia Rural), cerca de 34% da área estimada para essa temporada já foi semeada. Já a área plantada deverá registrar um aumento de 70 mil hectares, somando 485 mil hectares nesta safra, de acordo com o analista de milho do departamento, Edmar Gervásio.
“Para essa safra, a perspectiva é de uma produção próxima de 4.2 milhões de toneladas de milho. Os preços atraentes estimularam o retorno do investimento na cultura na primeira safra. Em 2008, o estado cultivava 1.4 milhão de hectares com o cereal na primeira safra, e nos anos seguintes houve um recuo expressivo na área. O grão acabou ganhando mais espaço na segunda safra”, disse o analista do Deral.
No caso de Santa Catarina, o aumento na área deverá ficar próximo de 2% nesta temporada. A estimativa é que sejam cultivados 300 mil hectares com o milho na safra de verão, contra os 280 mil hectares semeados no ciclo anterior. A produtividade das lavouras também deve ser maior nesta safra, com isso, a produção de milho deverá totalizar 3 milhões de toneladas.
Além das cotações mais altas, o vice-presidente da Federação de Agricultura e Pecuária de Santa Catarina (Faesc), Enori Barbieri, disse que a parceria realizada com o Governo do Estado incentivou a venda antecipada de milho e contribuiu para o retorno dos investimentos na cultura. “Voltamos a investir no cereal depois de 15 anos. E, em média, a redução na área era de 8% por safra. Os produtores tiveram a oportunidade de realizar negócios antecipados, com valores entre R$ 35,00 a R$ 40,00 a saca”, disse.
Porém, o plantio do cereal já registra um atraso de 30 dias no estado em decorrência das recentes geadas. Tradicionalmente, o plantio do grão tem início entre 15 a 20 de agosto e o término ocorre em meados de outubro. “Os agricultores esperam o término do período de geadas, previsto para o final do mês de setembro, para darem continuidade aos trabalhos nos campos”, disse Barbieri.
Já em Goiás, o aumento na área deverá ficar entre 7% e 10% nesta safra. Dessa forma, a área total plantada com o milho poderá ficar próxima de 250 mil hectares, de acordo com o assessor técnico da Federação de Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), Pedro Arantes. “Os preços interessantes motivaram os produtores rurais, mas o solo ainda está muito seco. Precisamos de chuvas entre 80 mm a 100 mm para reverter esse quadro”, sinaliza. A perspectiva é que os trabalhos nos campos ganhem ritmo em meados de outubro no Estado.
Fonte: Notícias Agrícolas