Crise faz consumo de carne cair no segundo trimestre

O volume de bovinos abatidos no segundo trimestre reflete a queda do consumo de carne bovina no País, segundo analistas. Na última quinta-feira (15), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o País abateu 7.63 milhões de cabeças de bovinos sob algum tipo de serviço de inspeção sanitária no segundo trimestre de 2016.

O montante é 0,05% menor do que o registrado no segundo trimestre de 2015. A expectativa era de uma leve alta em relação ao ano passado, acompanhando o aumento natural da população e também porque, em 2015, frigoríficos haviam paralisado unidades que voltaram a produzir este ano.

A queda observada para o volume total de animais, em relação ao ano passado, tem como causas a queda da capacidade de absorção de carne pela demanda interna e a desvalorização do dólar nos últimos meses, afirmou a analista Lygia Pimentel, sócia-diretora da AgriFatto.

“Com as margens estreitas, os frigoríficos tiraram o pé do acelerador ainda mais, em um movimento complementar ao que vimos no ano passado (paralisação e fechamento de plantas)”, disse.

“Durante o primeiro semestre, os frigoríficos mantiveram a mesma quantidade de abates, com uma arroba mais valorizada e amargaram margens ruins”, disse o analista Caio Toledo da FCStone. Ele projeta uma queda para os abates do terceiro trimestre devido à limitada oferta de animais e ao movimento de frigoríficos de “enxugar seus estoques”.

A proporção de fêmeas (vacas e novilhas) nos abates do trimestre caiu, com uma participação de 40% contra 42% registrada no segundo trimestre de 2015. “É o quarto ano consecutivo de queda da proporção de fêmeas abatidas para o segundo trimestre”, disse Lygia. “Esse movimento reforça novamente o incremento da capacidade de produzir bezerros, algo que deverá ser sentido sobre os preços do boi gordo nos próximos anos.”

Já Toledo avalia que a queda é justificada pelo preço alto do bezerro. Segundo ele, os valores pagos pelos animais de reposição começam a se estabilizar, mas a tendência é de que voltem a cair. “Poderemos ver a participação de fêmeas voltar a crescer no próximo ano”, disse.

Também sobre o segundo trimestre deste ano, o IBGE apontou que os curtumes brasileiros, que efetuam curtimento de pelo menos 5.000 unidades inteiras de couro cru bovino por ano, declararam ter recebido 8.64 milhões de peças inteiras de couro cru de bovino. O resultado representa uma alta de 3,0% em relação ao trimestre imediatamente anterior e avanço de 5,6% na comparação com o 2º trimestre de 2015.

A analista da AgriFatto afirma que este aumento, em paralelo à estabilidade dos abates de bovinos, pode indicar aumento do abate clandestino no último trimestre. “Assim sendo, a Agrifatto projeta o abate total do trimestre em 9.55 milhões de cabeças, que, se somadas ao primeiro trimestre e projetadas até o fim de 2016, poderão completar 35.4 milhões de cabeças até o fim do ano”, disse Lygia.

 

Fonte: Gazeta do Povo

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