A tecnologia de produção do algodão em ambiente tropical tem chamado à atenção além das fronteiras do Brasil. Três cultivares de algodão convencional (não transgênicas) desenvolvidas pela Embrapa receberam certificado de proteção para cultivo comercial nos Estados Unidos. O licenciamento mais recente foi o da cultivar BRS 335, realizado este ano pelo USDA, órgão equivalente ao Ministério da Agricultura brasileiro e que regulamenta o registro de cultivares naquele país.
Outras duas já haviam recebido o registro – a BRS 286, em 2013, e a BRS 293, em 2014. Diversos países produtores da África e da América Latina também vêm adotando cultivares brasileiras de algodão, por meio de projetos de cooperação internacional.
O programa de melhoramento genético do algodoeiro da Embrapa tem gerado cultivares de alta produtividade e qualidade de fibra, com excelente adaptação às principais regiões de cultivo no País. O destaque das cultivares de algodão da Embrapa deve-se à excelente adaptação ao ambiente tropical e aos grandes avanços obtidos em qualidade da fibra e resistência às principais doenças, além da tolerância à seca e outros estresses ambientais. O programa da Embrapa tem se dedicado tanto ao desenvolvimento de cultivares convencionais, quanto transgênicas, estas com resistência a lagartas e tolerância ao herbicida glifosato.
“Os ganhos genéticos obtidos pelas cultivares da Embrapa estão atraindo o interesse de outros países produtores e poderão criar possibilidades de negócios, a partir da exportação da genética das cultivares brasileiras. Cultivares convencionais de algodoeiro da Embrapa estão sendo avaliadas em países da África Ocidental, da América Latina e nos Estados Unidos”, explica o chefe-geral da Embrapa Algodão (Campina Grande, PB), Sebastião Barbosa.
O interesse dos países da África e da América Latina pelo algodão brasileiro surgiu a partir das ações em projetos de cooperação internacional da Embrapa em parceria com a Agência Brasileira de Cooperação, do Ministério das Relações Exteriores, e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), nos quais a Empresa disponibiliza suas cultivares convencionais para avaliação. Esses projetos têm o objetivo de transferir tecnologia brasileira de produção de algodão como forma de ajuda internacional a países em desenvolvimento. Na África, mais especificamente no Mali, Benin, Burkina Faso e Chade, os resultados indicam excelente adaptação das cultivares BRS 293, BRS 286 e BRS Seridó.
Nos Estados Unidos também existe interesse pelas cultivares convencionais da Embrapa, para cultivo em ambientes específicos, de menor incidência de lagartas e com a opção de manejo de plantas daninhas, com uso de herbicidas em pré e pós-emergência. Por isso, algumas cultivares convencionais estão sendo testadas nas principais zonas algodoeiras do país, nos estados da Geórgia, Mississippi, Tennessee, Arkansas e Texas, em ensaios oficiais, conduzidos por suas respectivas universidades com foco na cotonicultura (as chamadas land-grant universities).
Com os resultados obtidos em quatro safras de avaliações, revelou-se o excelente potencial das cultivares BRS 286, BRS 293 e BRS 335, que já foram protegidas pela Embrapa junto ao USDA. Os trabalhos com as cultivares convencionais da Embrapa nos Estados Unidos têm sido executados no âmbito da cooperação técnica Embrapa – IST (International Seed Technology), que será responsável pela validação, desenvolvimento de mercado, multiplicação e comercialização das sementes dessas cultivares.
Fonte: Embrapa