“Não cabe a um Estado que se diz democrático estabelecer limites para a exportação.” Com essas palavras, o governador de Mato Grosso, Pedro Taques, a exemplo de outras lideranças do setor, posicionou-se contrário à possibilidade de taxação de exportações de produtos agrícolas, defendida pelo governo federal com o objetivo de equilibrar as contas da Previdência Social.
“Vivemos em um Estado em que a Constituição preserva a iniciativa privada. A mão invisível do mercado resolve isso, ou seja, o próprio mercado deve ser o regulador dos negócios”, ressaltou o governador do Mato Grosso, em coletiva de imprensa realizada durante o 15º Congresso Brasileiro do Agronegócio, promovido pela Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) em São Paulo (SP), na segunda-feira, 8 de agosto.
Sobre sua possível candidatura à presidência da República nas eleições de 2018, o governador do Mato Grosso foi taxativo: “Quero ser um bom servidor público, ajudar da melhor forma o meu Estado para que o meu Estado possa ajudar cada vez mais o Brasil”, esquivou-se com diplomacia.
Ao comentar sobre o fato de o Brasil pouco agregar valor para vender os produtos agrícolas para o mercado externo, Taques afirmou que não julga vergonhoso o país ser um grande exportador de commodities, tanto minerais quanto agrícolas. “Não considero isso um problema, mas concordo que é preciso verticalizar a produção e agregar valor”, acrescentou ele, enfatizando o fato de a indústria gerar muito mais empregos do que o setor produtivo primário.
GARGALOS
Sobre os gargalos que dificultam a industrialização dos produtos agrícolas, em sua região, o governador destacou os problemas de logística, pelo fato de Mato Grosso ser um grande produtor de grãos e ficar distante dos principais centros consumidores do país, seguidos do alto custo da energia e da falta de mão de obra qualificada. “Em algumas cidades do Estado há vagas disponíveis no mercado, porém não há profissionais preparados para trabalhar”.
Segundo o governador, nos próximos 10 anos, o Mato Grosso produzirá praticamente 80% da proteína animal e vegetal do País. “Hoje já produzimos 52 milhões de toneladas de grãos, o equivalente a 27% da produção nacional; no entanto, para continuar evoluindo e produzindo mais para atender à demanda, a mão de obra qualificada será fundamental”, observou Taques.
PECUÁRIA
Taques comparou a pecuária de Mato Grosso com a dos Estados Unidos. “Somente em Mato Grosso, são 30 milhões de cabeças de gado bovino, e, em todos os EUA são 86 milhões, porém, a diferença é que a produtividade americana é muito maior que a nossa, devido aos investimentos e, principalmente, às pesquisas em agricultura de precisão”, justificou. “Para que possamos atingir uma produtividade similar, investir em pesquisa é fundamental, pois eu não vejo como superar esses desafios senão pelo conhecimento”, salientou.
O governador também destacou a sanidade do rebanho, lembrando que o Estado de Mato Grosso está livre da febre aftosa e de outras enfermidades que possam prejudicar o desenvolvimento saudável e sustentável da atividade pecuária.
“Por meio do Indea (Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso), erradicamos não só a febre aftosa, como também a peste suína clássica, o que nos rendeu um reconhecimento em Paris, há dois meses, o que prova que estamos caminhando na direção correta”, pontuou.
POLÍTICA
Questionado sobre o processo do impeachment e seus efeitos colaterais, tanto na economia quanto na política brasileira, Taques lembrou que foi um dos primeiros a se colocar de forma favorável ao impedimento da presidente afastada.
“A condução do Estado proposta pela presidente Dilma Rousseff estava recheada de equívocos políticos e econômicos que resultaram em um déficit de quase R$ 170 bilhões, além de intervenções no domínio econômico das quais eu sou totalmente contrário, pois acredito que as próprias leis do mercado podem solucionar seus problemas”, argumenta.
O governador também ressaltou a credibilidade no sistema. “Uma palavra muito importante, e que precisa ser resgatada, é a confiança, pois em um governo sem credibilidade não há investimentos. Então, a decisão pelo impeachment tem também a responsabilidade de resgatar essa fé por parte dos investidores. E já podemos ver exemplos disso acontecendo, como na indústria de papelão, que já tem dado sinais de aquecimento”, exemplificou Taques.
Por equipe SNA/SP