Os preços do arroz foram ao céu neste ano. Os valores atuais da saca do cereal em casca atingem R$ 50,50, em média, no Rio Grande do Sul, o principal Estado produtor do Brasil.
Os preços deste mês do produto superam em 50% os de há um ano, segundo pesquisa do CEPEA (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).
Os consumidores sentiram no bolso, já que o arroz, ao lado do feijão, foi um dos produtos que tiveram presença forte na inflação.
O que parece ser o melhor dos mundos para o produtor não passa, no entanto, de um cenário ruim.
O Ministério da Agricultura acaba de divulgar que o Valor Bruto da Produção do setor de arroz neste ano atingiu em junho o menor nível em duas décadas.
Os dados foram corrigidos pelo IGP-DI (Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna) da FGV.
Ou seja, a queda no valor de produção significa queda de renda no campo. O VBP do setor recuou para R$ 9.3 bilhões neste ano, apesar da elevação dos preços.
Esse montante de dinheiro é menor, no entanto, do que os R$ 11 bilhões atingidos pelo setor em 2015.
Anderson Belloli, diretor-executivo da Federarroz (Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul), considera que boa parte do produtores está em “condição aflitiva”.
A produção dos gaúchos, após ter atingido 8.6 milhões de toneladas no ano passado, recuou para 7.4 milhões de toneladas neste ano devido aos problemas climáticos que afetaram a lavoura.
Acompanhamento da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) apontam produtividade de 6.800 quilos por hectare neste ano no Rio Grande do Sul, 12% menos do que em 2015.
Os preços realmente subiram no campo, mas o produtor antecipou vendas com valores menores do que os praticados atualmente, segundo Belloli.
Além dos efeitos da perda de rentabilidade, devido à queda da produtividade, os produtores tiveram aumento de 30% nos custos para a implantação da safra. Os custos subiram para R$ 6.000,00 por hectare, segundo ele.
Essa perda de produção e desembolso maior colocaram boa parte do setor em situação muito delicada, afirma.
A partir de setembro, começa o preparo para a safra 2016/17. O diretor-executivo da federação diz que ainda é cedo para previsões de plantio.
Vai depender da oferta de crédito, principalmente depois desse aumento acelerado dos custos de produção, segundo ele.
Fonte: Folha de S.Paulo