Por Luciano Zanotto*//
Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento, durante a safra de 2014/2015, foram cultivados aproximadamente 970 mil hectares de algodão em todo o Brasil. Desse total, cerca de 75% corresponde a cultivos transgênicos expressando proteínas da bactéria de solo Bacillusthuringiensis (Bt – transgenia para controle de lagartas) e tecnologias RR (resistência a glifosato) e LL (que resiste ao Glufosinato de amônia), estas últimas com resistências as ervas daninhas.
Apesar dos investimentos, insetos e pragas continuam sendo um dos principais problemas para o cultivo do algodão e causa grandes prejuízos econômicos todos os anos. Os usos de produtos sistêmicos e outros protetores influenciam sobre custo da produção. Para se produzir um hectare de algodão, no Brasil, atualmente, gasta-se US$ 2.200,00, sendo que o custo para controle de ervas daninhas é 9% a 10% deste total, ou seja, em torno de US$ 200,00 por hectare.
O controle das ervas daninhas na cultura do ao algodão é complexo, pois causa danos muito elevados na produtividade e na qualidade do produto colhido. A planta de algodão apresenta alta sensibilidade ao uso de herbicidas e, com as regras atuais trabalhistas no País, é antieconômico o uso da prática do controle mecânico e manual que foi adotado no passado recente.
Com o objetivo de contribuir para maior proteção e segurança na cotonicultura, algumas empresas privadas também reúnem especialistas que possa desenvolver soluções para adequar o manejo da cultura algodoeira dentro de um ambiente de plantas transgênicas, além do combate às principais pragas desse cultivo.
Os desafios são grandes. Para cada hectare de algodão, são cerca de quatro milhões de estruturas florais entre os 35 a 120 dias de ciclo do algodão – isto é, um jardim propício ao ataque de pragas. As doenças deste tipo de plantio podem causar prejuízos de até 50% na produção e diminuição na qualidade das fibras.
Entre as soluções de manejo de herbicidas, estão a tecnologia de dicamba, Glufosinato, Roundup Ready, rotação de cultura em períodos distintos e dessecação pós-colheita. No combate aos insetos, a mosca branca, bicudo, ácaros e pulgão permanecem como os principais alvos. Para isso, propõe-se destruição dos restos culturais e plantas voluntárias, monitoramento, inovação nas técnicas de aplicação, além de novos produtos e uso de tecnologias transgênicas.
Para os fungicidas, a falta de monitoramento, a perda de eficácia dos produtos atuais no mercado e o uso excessivo de uma única modalidade de controle são os principais riscos. Como possível solução, estuda-se a realização de pesquisas para desenvolvimento de novos produtos e busca de novas variedades da planta com mais resistência a doenças.
O cuidado principal que o produtor tem que tomar é em relação ao cultivo da área de refúgio. Esta área deverá estar a no máximo de 800 metros de distância da área cultivada com transgenia Bt e ser uma área de, no mínimo, 20% do tamanho em relação à área transgênica. Esta observância é devido à proteção da proteína Bt, evitando resistência da mesma, pois o objetivo é que ocorra produção de mariposas sensíveis a esta proteína nesta área de refúgio.
Se nosso produtor adotar todas as boas práticas de manejo mais recomendadas, tais como eliminação das limitações químicas, físicas e biológicas dos solos; aplicar todos os conhecimentos que tem sobre o algodoeiro (como luminosidade e umidade) além dos conhecimentos da fotossíntese, ele tem muito a lucrar. O incremento sobre a produtividade pode ultrapassar os 50% da produtividade atual brasileira (que é de 250 arrobas por hectare de algodão em caroço). Essa produtividade poderia alcançar até 375 arrobas por hectare de algodão em caroço.
*Luciano Zanotto é agrônomo formado pela Universidade Federal do Paraná
e gerente de produtos herbicidas da UPL Brasil
Fonte: Notícias Agrícolas