O dólar fechou em alta e voltou a encostar nos R$ 4,00 nesta sexta-feira, reagindo a operações típicas de fim de mês relacionadas à rolagem de posições e à briga pela formação da PTAX.
O dólar comercial fechou em alta de 1,21%, cotado a R$ 3,9972 para compra e a R$ 3,9976 para venda, mas ainda acumulou queda de 0,62% na semana.
“O mercado fica pouco previsível quando chega o fim do mês, a gente sabe que tem fatores como a PTAX que levam o real a se descolar dos fundamentos”, disse o operador da corretora Spinelli José Carlos Amado.
A PTAX é uma taxa calculada pelo BC que serve de referência para diversos contratos cambiais. Operadores costumam disputar para influenciar as cotações, mais favoráveis a suas posições no final do mês.
Além disso, muitos operadores relutaram em vender dólares a cotações muito baixas, uma vez que muitos acreditam que a moeda norte-americana deve voltar a subir em meio ao cenário político e econômico conturbado no Brasil.
Pela manhã, a moeda norte-americana chegou a recuar para R$ 3,9306 em meio à alta dos preços do petróleo. A commodity passou a cair no fim da sessão na medida em que os investidores embolsavam lucros.
“Houve uma piora generalizada do humor na parte da tarde, ainda mais depois que o petróleo passou a cair”, disse o operador de um banco nacional.
No início da sessão, contribuíram para o ânimo declarações do presidente do banco central da China, Zhou Xiaochuan, sugerindo que o país pode adotar novos estímulos econômicos. Ajudaram ainda dados mostrando que o crescimento econômico dos EUA desacelerou menos do que o inicialmente publicado no quarto trimestre.
O Banco Central brasileiro concluiu nesta manhã a rolagem integral do lote de swaps cambiais que vence em março, de US$ 10.118 bilhões. O próximo lote de swaps vence em 1º de abril de 2016 e é de US$10.092 bilhões.
No mercado internacional, por volta das 19h10 (Horário de Brasília), o Dollar Index estava em alta de 0,71%, cotado aos 98,13 pontos, enquanto o euro estava em baixa de 0,78%, cotado a US$ 1,0932.
Juros futuros avançam refletindo incertezas no exterior
Os contratos futuros de taxa de juros avançaram na BM&F, refletindo o movimento de maior aversão ao risco no exterior e da saída de investidores estrangeiros do mercado local.
O DI janeiro/2017 subiu de 14,21% para 14,22%, enquanto o DI janeiro/2018 avançou de 14,65% para 14,69%. Já o DI janeiro/2021 subiu de 15,71% para 15,74%.
A incerteza política e a falta de perspectiva em relação ao avanço doajuste fiscal têm elevado o pessimismo em relação ao Brasil.
Hoje o governo divulgou o resultado primário do setor público, que apresentou um superávit de R$ 27.913 bilhões em janeiro, o melhor resultado desde janeiro de 2013, que foi impulsionado por receitas extras do leilão das hidrelétricas realizado em novembro.
Dados mostrando um aumento da taxa de desemprego no Brasil reforçam a leitura de desaceleração da economia brasileira.
Em janeiro, foram fechados 99.694 postos de trabalho, segundo dados divulgados hoje pelo Caged. É o pior resultado para o mês desde janeiro de 2009, quando foram fechadas 101.748 vagas.
Já a parte mais longa da curva de juros também foi influenciada pela alta das taxas dos Treasuries após dados melhores que o esperado da economia americana.
Os gastos dos consumidores nos EUA cresceram 0,5% em janeiro em relação ao mês anterior, acima da estimativa do mercado que era de um aumento de 0,3%.
Já o índice de preços referentes a gostos pessoais (PCE, na sigla em inglês) – medida de inflação preferida do Federal Reserve — subiu 0,1% na margem e 1,3% na comparação com janeiro do ano passado.
Chamou a atenção do mercado, no entanto, a alta de 1,7% do núcleo do PCE que subiu 0,3% em janeiro em relação a dezembro, acima da expectativa dos analistas que esperavam um avanço de 0,2%.