Plano de armazenagem da Conab encolhe

Após um atraso de dois anos e meio, o plano de modernização e ampliação da rede de armazenagem da Conab finalmente sairá do papel entre abril e maio do próximo ano, garantiu o novo presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Lineu Olímpio de Souza.

Mas Souza, que está à frente do cargo há um mês e é ligado ao PTB, revelou em entrevista ao Valor que o orçamento para o plano diminuiu. Era de R$ 500 milhões, quando foi anunciado pela presidente Dilma Rousseff, e caiu para R$ 460 milhões atualmente, em decorrência do contingenciamento de recursos pelo governo. O número de novos armazéns a serem construídos também pode ser menor que os 10 inicialmente anunciados e ficar entre sete ou oito, admitiu. O plano prevê ainda a reforma ou ampliação de outros 80 armazéns da rede da Conab.

O primeiro novo armazém deve começar a ser construído no município de Xanxerê (SC), de acordo com Souza. Nessa primeira fase, 47 armazéns e silos serão reformados.

O programa de modernização e ampliação da rede de armazenagem correu o risco de ser engavetado pelo Ministério da Agricultura, após uma série de dificuldades operacionais com a contratação de empresas para desenhar os projetos de engenharia, num cenário de ajuste fiscal nas contas do governo. “De fato, houve atrasos e o programa sofreu com contingenciamentos de recursos e hoje está orçado em R$ 460 milhões”, disse Lineu, que é engenheiro civil e ocupou a diretoria financeira da Conab nos últimos dois anos antes de assumir a presidência.

O novo dirigente da Conab disse que o Banco do Brasil, responsável por contratar as empresas para tocar os projetos e erguer os armazéns, teve dificuldades com as licitações. Segundo ele, o banco tentou obter preços mais baixos para os projetos e as obras, mas algumas empresas concorrentes contestaram o processo e houve grande “burocracia”.

Conforme o cronograma inicial, as obras deveriam ser contratadas entre outubro do ano passado e abril deste ano, mas por enquanto houve licitação apenas para as empresas que vão desenvolver os projetos executivos. O BB, porém, sempre negou atrasos no programa.

“Fizemos uma readequação do cronograma geral do programa. As obras de reforma estão com previsão para terminar em 2017 e as de ampliação ficarão para 2018”, informou Souza. “Agora a coisa andou, praticamente todos os estudos de viabilidade técnica já foram entregues”, afirmou.

O novo presidente da Conab admitiu, ainda, que algumas regiões escolhidas, num primeiro momento, para receber esses armazéns podem ficar de fora da nova fase do programa por já terem recebido investimentos privados em armazenagem nesse período em que o programa ficou travado.

A respeito do cenário de aperto por que passa o governo federal, Souza disse que a Conab teve cortes orçamentários de R$ 92 milhões em suas ações de investimento e custeio em 2015. Mas ele acredita que o orçamento geral da empresa neste ano, em torno de R$ 3 bilhões, será mantido em 2016, e que o montante é suficiente para executar a política de intervenção de preços e os programas de apoio à comercialização agrícola, de responsabilidade da Conab.

O presidente da Conab também não descartou a possibilidade de abrir mão de parte do patrimônio da companhia para alavancar recursos. De acordo com ele, há uma proposta interna de vender 36 imóveis, incluindo de nove a 12 armazéns considerados obsoletos e sem função.

Lineu Olímpio de Souza se tornou presidente da Conab indicado pelo deputado goiano Jovair Arantes, líder do PTB na Câmara. O partido é da base aliada do governo no Congresso e tem mantido influência política sobre a Conab nos últimos anos. Souza foi prefeito do município de Jaraguá (GO) por oito anos, entre 2004 e 2012.

Sobre as críticas do setor do agronegócio de que a Conab seria “aparelhada politicamente”, acomodando indicados políticos de PT, PMDB e do próprio PTB, Souza defendeu um novo estatuto, que obrigue mandato de três anos para o presidente e toda a diretoria da empresa.

 

Fonte: Valor Econômico

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