De um lado, o Brasil corre contra o tempo para exportar recorde de 30 milhões de toneladas do milho de 2015. Mas de outro, cadeias altamente dependentes do cereal, como a avicultura, se desdobram para conseguir reter matéria-prima. Entraves logísticos e o alto custo do frete prejudicam a indústria da carne. O drama atinge em cheio o Rio Grande do Sul, percorrido na última semana pela Expedição Avicultura Gazeta do Povoem jornada de 1.900 quilômetros.
Nem mesmo a terceira posição no ranking nacional de produção de soja e a liderança na oferta de milho de verão garantem folga às granjas gaúchas. Os avicultores integrados ao frigorífico da cooperativa Languiru, que abate 115.000 frangos ao dia em Westfália (RS), concentram-se num raio de 15 quilômetros. Mas o milho usado na ração percorre mais de 1.000 quilômetros de Mato Grosso até a região central do estado gaúcho.
“A produção gaúcha de milho não dá para um mês de suprimento e no caso da soja é menos ainda. É preciso buscar em outras regiões, mais aí o frete custa tanto quanto o grão” revela o gerente do frigorífico de aves da cooperativa, Fabiano Leonhardt. As aves disputam milho com a exportação e o gado leiteiro.
Com isso, o cereal chega a picos de R$ 36,00 por saca de 60 quilos – R$ 10,00 a mais do que no Paraná e R$ 15,00 acima do preço de Mato Grosso.
O dilema prejudica a Agrodanieli, que abate 170.000 aves em dois frigoríficos na região de Tapejara (Noroeste gaúcho). “Essa exportação recorde de milho é negativa, pois não se agrega nada de valor aqui no país. O ideal é exportar grãos transformados em carne”, disse a diretora do empreendimento, Jovania Danieli.
A solução tem sido elevar a competitividade com cortes mais elaborados. “A equação só fica positiva exportando produtos com maior valor agregado, com qualidade e praticidade. E com a concorrência acirrada, é preciso encontrar nichos que muitas vezes as grandes empresas não conseguem atender”, disse o gerente de agropecuária da empresa, Diomar Barro.
Fonte: AviSite