Apontado como ideal para a movimentação de grandes volumes de mercadorias não perecíveis, como grãos, minérios e insumos agrícolas, por longas distâncias, o transporte fluvial tornou-se especialmente importante para o escoamento da safra de soja e milho produzidos no Centro-Oeste até os portos do Norte do País. No primeiro semestre, foram transportados pelos rios Madeira e Tapajós 3.738 milhões de toneladas de sementes e frutos oleaginosos, 41,6% acima do volume transportado em mesmo período de 2014, segundo dados da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ).
Pela rota Porto Velho (RO) – Itacoatiara (AM) do rio Madeira, foram escoadas 1.592 milhão de toneladas, 13,8% a mais do que no primeiro semestre de 2014, enquanto pela rota do mesmo rio, entre Porto Velho e Santarém (PA), foram transportadas 677.265 toneladas, com aumento de 76,2%. Já no trecho do rio Tapajós entre Itaituba (PA) e Barcarena (PA), o crescimento foi de 302,6%, para 1.469 milhão de toneladas.
O transporte pelos rios amazônicos viabilizou os novos corredores logísticos que ligam o Centro-Oeste ao Norte e Nordeste. Combinando hidrovias e rodovias, eles reduzem a distância percorrida pela safra do cerrado, a maior região produtora de grãos do País. Antiga demanda dos produtores dessa região, os novos corredores são uma opção mais barata e eficiente aos distantes e congestionados portos do Sul e Sudeste.
O crescimento do transporte fluvial nesses trajetos reflete os investimentos de grandes tradings, que estão aumentando sua aposta na região. Até início de 2016, a Cargill deve concluir a ampliação de seu terminal de Santarém, situado às margens do Tapajós, de 2 milhões de toneladas para 5 milhões de toneladas, segundo Clythio Buggenhout, diretor de portos da empresa. Nesse terminal, a Cargill faz o transbordo de barcaças e caminhões, armazenamento e embarque de soja e milho em navios de longo curso, para exportação.
No segundo semestre do próximo ano, a empresa deve inaugurar outra instalação no Tapajós, uma estação de transbordo de cargas em Miritituba, distrito de Itaituba (PA), que demandou aporte de R$ 161 milhões. Com o investimento, a empresa inaugura também novo trajeto para suas mercadorias.
De acordo com Buggenhout, a Cargill vai iniciar, também no segundo semestre de 2015, a operação de frota própria no rio Tapajós, composta por dois empurradores, já em fase final de construção, e 20 barcaças. Os produtos vão chegar à estação de Miritituba pela BR-163, de onde seguirão nas barcaças pelo rio até o terminal de Santarém. O novo trajeto vai permitir à empresa aumentar o transporte de grãos para Santarém por via fluvial.
A Cargill utiliza o rio Madeira para transportar de 1 a 2 milhões de toneladas anuais de soja e milho produzidos em Rondônia e no Oeste do Mato Grosso. A empresa deve encerrar 2015 com de cerca de 2,5 milhões de toneladas de soja e milho transportadas no País por via fluvial.
Com uma série de investimentos previstos para serem concluídos entre 2015 e 2016, a AMaggi Navegação, do grupo André Maggi, pretende encerrar 2015 com o transporte de 3.7 milhões de toneladas de soja e milho por hidrovias, 1 milhão de toneladas a mais do que em 2014. Para 2016, a previsão é aumentar esse volume para 5 milhões de toneladas. A empresa também deve utilizar essa hidrovia para transportar, em 2015, 156.000 toneladas de fertilizantes importados, volume que deve atingir 400.000 toneladas nos próximos anos.
Entre os novos investimentos da AMaggi estão um novo porto de transbordo em Porto Velho (RO), com aporte de R$ 120 milhões, além de um novo estaleiro de reparos e um guindaste flutuante nas instalações da empresa em Itacoatiara (AM), às margens do rio Amazonas. A empresa também vai acrescentar à sua frota 60 novas barcaças graneleiras e três novos empurradores.
AMaggi e Bunge criaram em 2014 a joint venture Navegações Unidas Tapajós Ltda. (Unitapajós), para transportar pelo rio Tapajós, entre Miritituba e Barcarena, a safra da região médio-norte de Mato Grosso.
Fonte: Valor Econômico