Combate à broca
Como é de conhecimento público, o Conselho Nacional do Café, desde a proibição do endosulfan, vem realizando gestões junto ao Governo Federal para que sejam registrados produtos para o combate efetivo à broca do café, fato que excluiria a necessidade de anúncio e renovação anual da emergência fitossanitária nos Estados produtores do Brasil.
A esse respeito, nesta semana, em contato com a Coordenação-Geral de Agrotóxicos e Afins (CGAA) do Departamento de Fiscalização de Insumos Agrícolas (DFIA) da Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), tivemos o conhecimento que o produto Voliam Targo teve seu processo de registro finalizado e seu certificado emitido, com sua publicação no Diário Oficial da União tendo prazo legal para ocorrer nos próximos 30 dias.
O CNC agradece o empenho e o trabalho desenvolvido pelo staff do MAPA no intuito de viabilizar o registro de produtos para o combate à broca, o qual contribuirá para os tratos culturais dos produtores brasileiros e vetará que a praga venha a ser um problema substancial em nossas lavouras. Por outro lado, continuaremos reforçando a necessidade de que mais produtos sejam analisados e registrados, de maneira que haja competição no mercado e se evitem sobrepreços por falta de concorrência.
Qualidade
Nesta semana, a Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (CAPADR) da Câmara dos Deputados aprovou, por unanimidade, o Projeto de Lei nº 1.713/2015, que Institui a Política Nacional de Incentivo à Produção de Café de Qualidade, de autoria do Deputado Evair de Melo, com emendas, nos termos do parecer do relator, do deputado Luiz Cláudio (PR-RO).
O CNC tem acompanhado e participado da construção dessa proposição legislativa, pois reconhece que o investimento na produção de cafés de qualidade resulta na melhoria da renda dos produtores e na proteção contra as oscilações de mercado. Os cafés de alta qualidade têm acesso a canais diferenciados de comercialização, com significativos prêmios sobre as cotações básicas do Contrato C, negociado na Bolsa de Nova York, e sem enfrentar a volatilidade que predomina no mercado das commodities. Por isso, contribuem significativamente para a agregação de valor às exportações brasileiras de café.
Nesse sentido, o CNC entende que o apoio ao aprimoramento da qualidade da produção cafeeira é uma importante estratégia diante da conjuntura de mercado atual, onde o enfraquecimento do real em relação ao dólar tem pressionado as cotações internacionais do café, mas, não tem sido suficiente para garantir preços domésticos remuneradores ante os custos de produção. Isso porque a forte desvalorização cambial tem aumentado significativamente os preços dos insumos importados, pesando sobre o já inflado custo devido aos sucessivos aumentos dos salários, dos valores de manutenção dos maquinários agrícolas e dos combustíveis.
Reconhecendo a importância do fomento à qualidade dos cafés do Brasil, principalmente para a melhoria da renda dos produtores, o CNC congratula a iniciativa do deputado Evair de Melo em trazer esse tema para a pauta do Poder Legislativo.
O PL 1.713 tem por objetivo instituir a Política Nacional de Incentivo à Produção de Café de Qualidade, visando à elevação do padrão qualitativo do café brasileiro por meio do estímulo à produção, à industrialização e à comercialização de cafés de categorias superiores.
Suas diretrizes estão em consonância com as seguidas pelos representantes do setor produtor nacional, CNC e CNA, no desenvolvimento da política cafeeira no âmbito no Conselho Deliberativo da Política do Café (CDPC), sendo elas: sustentabilidade; desenvolvimento tecnológico; diversidade de origens; adequação das ações governamentais às especificidades das origens; parcerias entre os setores público e privado; estímulo às economias locais e a redução das desigualdades regionais; valorização dos cafés do Brasil; e acesso a mercados de cafés especiais e de qualidade.
A proposição legislativa define como instrumentos da Política Nacional de Incentivo à Produção de Café de Qualidade o crédito rural para a produção, industrialização e comercialização; a pesquisa agrícola e o desenvolvimento tecnológico; a assistência técnica e a extensão rural; o seguro rural; a capacitação gerencial e a formação de mão-de-obra qualificada; o associativismo, o cooperativismo e os arranjos produtivos locais; as certificações; as informações de mercado; e os fóruns, câmaras e conselhos setoriais, públicos e privados.
Por entender que o PL 1.713/2015 é um importante passo no sentido de ampliar a produção de café de qualidade do Brasil, o CNC apresentou emendas ao relator da proposição, deputado Luiz Cláudio, com o objetivo de garantir a efetiva implementação da Política Nacional de Incentivo à Produção de Café de Qualidade, respeitando o arcabouço institucional existente.
Cumprimentamos e agradecemos o ilustre relator da matéria por acatar nossas emendas e reconhecer a importância do fortalecimento da representação do setor produtivo nacional no delineamento da política de café do Brasil, a qual se concretiza via CDPC. Como é interesse precípuo da produção nacional o aumento da qualidade dos cafés do Brasil, o envolvimento do CDPC, conforme acatado pelo relator e aprovado pela CAPADR, é a melhor estratégia para garantir um amplo alcance da Política Nacional de Incentivo à Produção de Café de Qualidade.
Mercado
Sem grandes novidades nas origens e também do lado da demanda, os futuros do café mantiveram o movimento lateral nos últimos dias. Os agentes de mercado seguem atentos ao desenvolvimento da safra brasileira 2016/17, neste período em que as condições climáticas têm forte influência sobre os volumes que serão colhidos no próximo ano.
A Fundação Procafé divulgou os resultados de seu monitoramento, realizado em outubro, nas regiões Sul de Minas, Cerrado Mineiro e Mogiana Paulista. De forma geral, a elevada temperatura, associada à irregularidade das chuvas, aumentou a demanda evapotranspirativa dos cafeeiros, podendo causar danos nas próximas safras, caso não haja reposição total de água.
O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA) apurou que as chuvas ocorridas entre o final de outubro e início de novembro proporcionaram novas floradas em todas as praças de café arábica. Porém, as altas temperaturas e o baixo volume de precipitações, até meados de outubro, prejudicaram o “pegamento” das primeiras floradas. O quadro abaixo (clique para ampliar) resume as informações disponibilizadas pela instituição.
Fonte: Cepea
Segundo a Climatempo, para a próxima semana não há previsão de volumes significativos de chuvas sobre as regiões cafeeiras do Sudeste do Brasil. Entre 17 e 21 de novembro, os mapas meteorológicos indicam precipitações da ordem de até 30 mm sobre as principais origens nacionais.
O CEPEA também apresentou dados que ilustram o quadro econômico desfavorável à aquisição dos insumos necessários para a realização dos tratos culturais recomendados, após as recentes chuvas. De acordo com nota divulgada pela instituição, “no Cerrado Mineiro, para que o produtor adquira uma tonelada de ureia neste início de novembro, é necessário o equivalente a 3,33 sacas de 60 kg de café arábica do tipo 6 bebida dura para melhor a preço regional e, há um ano, bastavam 2,85 sacas de café.
No Noroeste do Paraná, o produtor precisa de 3,5 sacas de café tipo 6 neste início de mês para adquirir o mesmo insumo, 0,57 saca a mais que há um ano. Em São Paulo, a compra atual requer 0,65 saca a mais, com uma tonelada de ureia equivalendo a 3,54 sacas de café”.
Na ICE Futures US, o vencimento dezembro do Contrato C foi cotado, na quinta-feira, a US$ 1,1875 a libra-peso, acumulando perdas de 240 pontos em relação ao fechamento da sexta-feira antecedente. Na ICE Futures Europe, o contrato futuro do café robusta com vencimento em janeiro/2016 encerrou o pregão cotado a US$ 1.609,00 a tonelada, em alta de US$ 5,00 em relação ao final da semana anterior.
O dólar comercial fechou cotado ontem a R$ 3,7672 com variação positiva de 0,1% em relação ao fechamento da última sexta-feira. Os principais fatores de influência na precificação da moeda norte-americana continuam sendo a instabilidade política e econômica do País, a perspectiva de alta dos juros dos Estados Unidos e as intervenções do Banco Central do Brasil no mercado cambial.
No mercado físico nacional, os indicadores calculados pelo CEPEA para as variedades arábica e conilon foram cotados ontem a R$ 465,34/saca e a R$ 375,54/saca, respectivamente, com variação de -0,2% e 0,1% em relação ao fechamento da semana passada.
Fonte: CNC