A Sociedade Brasileira de Nematologia (SBN) revela que anualmente o agronegócio nacional contabiliza prejuízos de R$ 35 bilhões, provocados pelo parasita nematoide. Apenas na produção de soja, as perdas são estimadas em R$ 16.2 bilhões, de acordo com dados do órgão.
Diferente de pragas como a helicoverpa armigera ou ferrugem asiática, os produtores encontram dificuldades para diagnosticar a presença de nematoides, uma vez, que eles são invisíveis a olho nu e vivem no solo alimentando-se de nutrientes nas raízes das plantas. A incidência do parasita ocasiona no crescimento deficiente da planta provocando até o descarte ou perda da produção, como acontece com 30% a 40% do cultivo de cenoura, goiaba e pimenta-do-reino, por exemplo.
No Brasil, os nematoides estão presentes em extensa área geográfica. Conforme nematologista e pesquisadora do Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR), Andressa Machado, o trânsito de máquinas e implementos agrícolas, como caminhões de soja, plantadeiras e colheitadeiras podem servir de “carona” para esses patógenos se hospedarem em novas áreas rurais ou se acumulam nas beiras de estrada.
“Como reflexo desse cenário, 98% dos solos do Mato Grosso apresentam evidências de nematoides em praticamente todas as culturas do estado, e o problema chegou a tal ponto que agricultores da região e do Tocantins tiveram que abandonar terras que se tornaram improdutivas com a infestação”, adverte Andressa.
Em artigo publicado, a pesquisadora sugere a utilização de variedades resistentes para controlar estes ataques, pois estas soluções auxiliam na redução de alguns tipos específicos de nematoides. Outra saída é incentivar os produtores a praticar o Manejo Integrado de Pragas (MIP), estratégia de controle ecológico que passa por tratamento clínico, rotação de culturas com plantas não hospedeiras e redutoras populacionais da praga e cultivo de variedades diversas de soja.
Por fim, Andressa Machado defende a realização de ampla discussão agronômica, que nunca existiu no Brasil sobre o assunto, para reverter este quadro de prejuízos.
Fonte: Agrolink