O primeiro levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado no último dia 9 de outubro, prevê que a safra de grãos pode variar de 210,3 milhões a 213,5 milhões de toneladas no ciclo de 2015/16. Isso deve resultar em um incremento de 0,2% a 1,7% sobre o período agrícola anterior, que chegou a 209,8 milhões de toneladas.
De acordo com o vice-presidente da Sociedade Nacional de Agricultura Hélio Sirimarco, o aumento previsto poderá ser associado à expansão da área plantada.
“A área total, segundo a Conab, deverá ser de 58,1 milhões a 59,0 milhões de hectares, com um aumento de até 1,5% em relação à da safra anterior, que fechou em 58,1 milhões de hectares. Ainda segundo a estatal, a soja será a principal responsável por este incremento, já que sua área deve crescer de 1,7% (550,8 mil hectares) a 3,6% (1,15 milhão de hectares).”
O levantamento do órgão estatal, que foi realizado entre os dias 20 e 26 de setembro passados, considerou informações colhidas em campo para área plantada, produção e produtividade média estimada, pacote tecnológico utilizado pelos produtores e outras variáveis.
De acordo com a Conab, o carro-chefe da safra em vigor será, mais uma vez, a soja. E pela primeira vez está prevista a marca inédita de 102 milhões de toneladas da oleaginosa, um aumento de quase 7%. Em 2014/15, o Brasil colheu 96,2 milhões de toneladas do grão, o que representou um incremento de quase 12% sobre a safra anterior, segundo dados oficiais.
Sirimarco afirma, no entanto, que a safra prevista pela Companhia Nacional de Abastecimento está acima das estimativas feitas por outras instituições representativas.
“Existe um consenso de que a primeira previsão da Conab para a temporada 2015/16 está superestimada. A Aprosoja Brasil, por exemplo, prevê um crescimento da atual safra de soja de 2% a 3% em relação à de 2014/15, abaixo da porcentagem projetada pela Conab.”
Para o vice-presidente da SNA, esta diferença de projeção para a produção de soja está relacionada a uma série de fatores, que passa pelo acesso ao crédito agrícola, “mas principalmente porque os produtores rurais, em virtude do aumento do custo de produção, reduziram os investimentos em insumos, e isto pode impactar na produtividade média do País”.
“O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) divulgou na sexta-feira passada (9 de outubro) sua estimativa da safra de soja 2015/16 para o Brasil: 100 milhões de toneladas, ou seja, também abaixo da estimativa da Conab”, destaca Sirimarco.
No mesmo dia, cita ele, a Céleres Consultoria estimou a expansão da área da soja em 2,3% em relação à da safra 2014/15, para 32,2 milhões de hectares.
“Com esta área e com uma produtividade estimada em 3,02 toneladas por hectare, a safra deverá ser de 97,08 milhões de toneladas, 1,2% maior do que a safra 2014/15.”
OUTRAS CULTURAS
A Conab também fez levantamentos das perspectivas de produções agrícolas para outras culturas. A safra de milho de verão, por exemplo, foi estimada entre 28 milhões e 29 milhões de toneladas, o que representa uma redução entre 5,8% e 8,9% em comparação com a safra 2014/15 de 30.7 milhões de toneladas.
“A principal razão é a redução da área plantada do milho da primeira safra em favor da soja. A estimativa é de que a área de milho deva ficar entre 5,8 milhões e 6 milhões de hectares, com uma redução de 4,2% a 6,7% sobre a última safra”, destaca Sirimarco.
No período de realização do levantamento da Conab, apenas as culturas de primeira safra – como algodão, amendoim, arroz, feijão, milho e soja – estavam com o plantio iniciado, fase que se estende até dezembro deste ano.
Para a Companhia Nacional de Abastecimento, o feijão deve ter um aumento tanto na área quanto na produção, impulsionado pelo mercado atrativo que apresenta, atualmente, preços mais elevados. Ainda prevê uma pequena redução na área plantada de algodão, mas o emprego de tecnologias pelo produtor fará com que seu cultivo permaneça com o mesmo desempenho do ciclo de 2014/15, que foi de 1,5 milhão de toneladas.
Também de acordo com o órgão estatal, o Paraná, principal Estado produtor de trigo, deve colher 3,6 milhões de toneladas, como reflexo das chuvas que vêm ocorrendo no Sul, com previsão total de 6,6 milhões de toneladas do cereal. “Menos do que se esperava”, comentou o presidente em exercício da Companhia Nacional de Abastecimento, Lineu Olímpio de Souza, durante coletiva à imprensa na última sexta-feira, 9 de outubro.
ÁREA PLANTADA
A área plantada de grãos, de modo geral, deve crescer até 1,5%, principalmente por causa da soja. “O aumento da área plantada da soja se deve basicamente à redução da área da safra de verão de milho”, reforça Sirimarco.
De acordo com ele, os produtores dos Estados do Sul do País (Paraná e Rio Grande do Sul) são os principais responsáveis por esta troca, porque eles estão deixando de produzir milho no verão.
“Rio Grande do Sul, por exemplo, virou importador de milho, já que no inverno seus produtores plantam trigo. A safra de milho de inverno, a denominada safrinha, hoje é responsável por praticamente o dobro da produção da safra de verão”, ressalta o vice-presidente da SNA.
IBGE
Também na semana passada, o IBGE divulgou sua previsão para a safra 2015/16 de grãos: 210,4 milhões, 3 milhões a menos que o levantamento da Conab, com acréscimo de 6% na área da soja, 0,9% na área de milho e redução de 5,5% na área de arroz. “A estimativa do IBGE está mais próxima da realidade”, constata Sirimarco.
Por equipe SNA/RJ