Os contratos futuros do café acumularam queda em setembro, em mais um mês marcado por intensa volatilidade. A forte oscilação do câmbio brasileiro e expectativas quanto ao desenvolvimento da safra 2016/17 foram os principais fatores que afetaram a formação das cotações internacionais da commodity.
As incertezas políticas e econômicas que pairam sobre o País levaram à alta do dólar, que ultrapassou os R$ 4,00 na penúltima semana de setembro pela primeira vez desde a criação do Plano Real, em 1994. Com isso, as cotações internacionais do café sofreram forte retração. Mais para o final do mês, intervenções do Banco Central do Brasil no mercado de câmbio e a formação da PTAX de referência para outubro resultaram em reversão da tendência altista.
Apesar disso, o dólar comercial foi cotado, em 30 de setembro a R$ 3,9655, acumulando uma valorização de 9,3% nos últimos 30 dias.
Em relação ao desenvolvimento da safra 2016/17 do Brasil, em setembro foram observadas floradas nas principais regiões produtoras. O potencial da safra será determinado pelo pegamento das flores e pelo desenvolvimento dos chumbinhos, os quais dependerão das condições climáticas das próximas semanas.
A Fundação Procafé avalia que, ainda como reflexo da estiagem de 2014 e do primeiro bimestre deste ano, o crescimento vegetativo dos ramos dos cafeeiros de arábica está abaixo da média desde janeiro, dificultando o alcance de todo o potencial do parque produtivo da variedade.
Também há preocupação com a falta de regularidade de chuvas prevista para a primavera 2015, que tende a ser caracterizada pela ocorrência de períodos quentes e secos, como os vivenciados na penúltima semana de setembro, segundo informações da Climatempo.
Para a variedade conilon, desde agosto foram observadas floradas no Espírito Santo e em Rondônia. Porém, segundo informações levantadas pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA), o período de estiagem e as elevadas temperaturas ocorridas no mês passado podem ter prejudicado o pegamento de parte das flores e o desenvolvimento dos chumbinhos em ambos os Estados.
Até o dia 22 de setembro, os fundos que operam no mercado futuro e de opções de café arábica da ICE Futures US mantinham elevado saldo vendido, superior ao apurado na última semana de agosto. Estimativas da consultoria Pharos indicam que houve recompra de posições pelos fundos de investimento nos últimos dias do mês, o que favoreceu a sustentação das cotações do arábica.
Diante desse cenário, o vencimento dezembro do contrato C acumulou queda de 295 pontos, sendo cotado a US$ 1,2135 a libra-peso no último dia de setembro. A cotação média mensal, de US$ 1,1895, foi 37% inferior à do mesmo período de 2014. Quando convertidas para reais, as cotações de Nova York superam em apenas 5,4% o patamar médio de setembro do ano passado.
Os estoques certificados de arábica da bolsa nova-iorquina apresentaram queda de 96.000 sacas, encerrando o mês em 1.99 milhão de sacas. O volume estocado encontra-se em patamar 16,5% inferior ao observado no mesmo período do ano anterior, de 2.38 milhões de sacas.
O mercado futuro da variedade robusta, negociado na ICE Futures Europe seguiu tendência similar à observada em Nova York. O vencimento novembro/2015 foi cotado a US$ 1.557,00 a tonelada no último dia de setembro, com desvalorização de US$ 54,00 em relação ao fechamento de agosto. A cotação média mensal, de US$ 1.571,00/t, foi 21,3% menor do que a do mesmo mês de 2014.
Os estoques certificados de robusta monitorados pela Bolsa de Londres não vêm apresentando oscilação significativa, mantendo-se ao redor dos 3.4 milhões de sacas desde agosto. No final de setembro, somavam 3.42 milhões de sacas, aproximadamente o dobro do volume contabilizado no mesmo período do ano passado.
Frente aos menores preços do mercado internacional de robusta, produtores vietnamitas reduziram as vendas externas e carregam elevado volume de estoques para a próxima temporada, que se inicia em outubro. Segundo o Escritório Geral de Estatísticas (GSO, em inglês), as exportações do país asiático deverão totalizar 21.2 milhões de sacas no ano cafeeiro 2014/15, volume 21,7% inferior ao apurado na temporada anterior.
No mercado físico brasileiro, houve aquecimento dos negócios da variedade arábica, em momentos de melhora dos preços domésticos. Porém, a postura generalizada tem sido de cautela nas vendas, aguardando novas valorizações. Os produtores do café conilon seguiram retraídos, permitindo que fossem atingidos novos recordes de preços. Os indicadores do CEPEA para as variedades arábica e conilon foram cotados no final de setembro a R$ 472,90/saca e a R$ 352,91/saca, acumulando alta de 6,3% e 7% no mês, respectivamente.
Fonte: CNC