Embrapa e Unicamp utilizam dispositivos móveis para capacitação

Uso de celulares e tablets no campo já é mais comum do que se imagina. Para se ter uma ideia, os telefones de rede móvel estão presentes em 60% dos lares rurais, sendo que deste total 30% têm acesso à internet. Foto: Divulgação Embrapa
Uso de celulares e tablets no campo já é mais comum do que se imagina. Para se ter ideia, os telefones de rede móvel estão presentes em 60% dos lares rurais, sendo que, deste total, 30% têm acesso à internet. Foto: Divulgação Embrapa

O uso de dispositivos móveis – celulares e tablets – é uma realidade que já chegou ao campo. Para se ter ideia, os celulares estão presentes em 60% dos lares rurais, sendo que, deste total, 30% têm acesso à internet. É o que indica a Pesquisa TIC Domicílios de 2013, realizada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil.

De olho nesta evolução, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp – SP) firmaram parceria para desenvolver um programa de formação continuada, com objetivo de fornecer conteúdos e micro-treinamentos sobre temas de interesse dos produtores rurais, por meio de dispositivos móveis.

O projeto de pesquisa “Educação não-formal para transferência de tecnologia: micro-aprendizagem, micro-treinamento e micro-conteúdos via dispositivos móveis” propõe desenvolver e aprimorar metodologias de produção de conteúdos educacionais para ferramentas móveis, além de oferecer capacitação para extensionistas e outros profissionais envolvidos com a assistência técnica e a transferência de tecnologia para o meio rural.

“Nosso foco são os profissionais atuantes em sistemas produtivos de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), especificamente no Estado de Mato Grosso, onde está localizada a Embrapa Agrossilvipastoril, unidade parceira do projeto”, informa Marcia Izabel Fugisawa Souza, pesquisadora da Embrapa Informática Agropecuária.

Pesquisadora da Embrapa, Marcia Izabel Fugisawa Souza salienta que o foco do projeto “Educação não-formal para transferência de tecnologia” são os profissionais atuantes em sistemas produtivos de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF),no Estado de Mato Grosso. Crédito: Lilian Alves
Pesquisadora da Embrapa, Marcia Izabel Fugisawa Souza salienta que o foco do projeto “Educação não-formal para transferência de tecnologia” são os profissionais atuantes em sistemas produtivos de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF),no Estado de Mato Grosso. Foto: Lilian Alves

TREINAMENTOS

Conforme explica, os micro-treinamentos e os micro-conteúdos baseiam-se em conceitos de micro-aprendizagem e aprendizagem móvel, novas modalidades surgidas com a introdução de tecnologias digitais móveis na educação.

“São conteúdos curtos, com teor didático-pedagógico e linguagem adequada às mídias digitais móveis, constituídos por um texto, um vídeo, um áudio, por exemplo, que poderão ser acessados de qualquer lugar e hora e, portanto, adequados ao ritmo de vida atual, caracterizado pelo uso intensivo de tecnologias móveis e sem fio”, descreve.

Segundo ela, os micro-treinamentos devem começar no próximo ano, prolongando-se até 2018. Primeiro, as tecnologias resultantes deste projeto de pesquisa serão transferidas diretamente aos extensionistas, técnicos e pesquisadores que as repassarão para os produtores rurais.

MERCADO EM ASCENSÃO

Segundo estudo da IDC Brasil, em 2014, os brasileiros compraram 104 smartphones por minuto. De janeiro a dezembro, foram comercializados 54,5 milhões de aparelhos inteligentes, ante 35,2 milhões no ano anterior, um aumento de 55%.

Para 2015, a expectativa da empresa é de evolução mais moderada, na faixa de 16%, o equivalente à venda de 63,3 milhões unidades, em razão do cenário econômico desfavorável. O estudo IDC Mobile Phone Tracker Q4 ainda revela que 15% dos aparelhos vendidos em 2014 têm acesso a 4G. Para este ano, a previsão é que este percentual cresça entre 30% e 35%.

TECNOLOGIA DE PONTA

Fabricio Emiliano dos Santos, gerente de Negócios da Inflor (que desenvolve aplicações de software para gestão do agronegócio), ressalta que, durante muito tempo, a utilização de tecnologias de ponta era exclusividade de grandes produtores ou grandes empresas. Mas nos últimos anos tornou-se bastante acessível, tanto que os smartphones, por exemplo, já podem ser encontrados no mercado a partir de 300 reais.

De acordo com Santos, o smartphone é um computador completo, pois executa praticamente todas as suas funções, graças a um conjunto de facilidades e ferramentas.

“Com a utilização dos aplicativos, o produtor tem acesso ao histórico das atividades realizadas na propriedade, custos das operações, insumos utilizados, controle das safras e das culturas, além de visualizar os problemas que já ocorreram, com fotos, tudo isso por meio de um mapa”, exemplifica.

Gerente de Negócios da Inflor, Fabricio Emiliano dos Santos afirma que “o smartphone tem praticamente tudo que precisamos para tomar nota, registrar, programar e verificar o histórico da propriedade”. “O único problema é que estes aplicativos são diferentes e não estão integrados.” Crédito: Divulgação
Gerente de Negócios da Inflor, Fabricio Emiliano dos Santos afirma que “o smartphone tem praticamente tudo que precisamos para tomar nota, registrar, programar e verificar o histórico da propriedade”. “O único problema é que estes aplicativos são diferentes e não estão integrados.” Crédito: Divulgação

ATIVIDADES RURAIS

O pesquisador garante que o gerenciamento das atividades rurais pode ser realizado pelos aplicativos para anotações, calculadora, fotos, agenda, GPS, mapas, entre outros.

“O smartphone tem praticamente tudo que precisamos para tomar nota, registrar, programar e verificar o histórico da propriedade. O único problema é que estes aplicativos são diferentes e não estão integrados”, observa Santos.

Relata ainda que a empresa desenvolveu o aplicativo Inflor Free, que facilita o manuseio das várias ferramentas disponíveis no celular.

“O aplicativo está em fase de testes e será disponibilizado, gratuitamente, nos próximos meses. Ele permitirá que o produtor rural tenha, em local único, as ferramentas que lhe responderão as seguintes perguntas: O que foi feito? Onde? Quando? Quem? Quanto custou? O que consumiu?”

Ele também salienta que o sistema disponibiliza, para cada uma das culturas manejadas na propriedade, um conjunto de atividades comuns.

“Por exemplo, se o proprietário trabalha com o plantio de café, cana, entre outros, o sistema mostrará automaticamente as atividades que, comumente, são realizadas no manejo de cada uma destas culturas”, explica.

SEM CONEXÃO COM A INTERNET

Levando em consideração o fato de a telefonia móvel ter problemas com a baixa qualidade de sinal e até mesmo a ausência dele nas propriedades rurais, Santos afirma que o aplicativo foi desenvolvido para funcionar sem conexão com a internet.

“Também foi criada uma nuvem de armazenamento para permitir que o backup dos dados seja realizado de forma automática e transparente, quando o proprietário estiver em um local que possui conexão com a internet.”

Por equipe SNA/SP

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