No acumulado do ano, o País aumentou em 20% no volume de exportações de grãos. Em Paranaguá (PR), um dos principais portos do Sul, os embarques de milho, por exemplo, caíram 11,65% no período. Isso porque outras unidades portuárias, como as do Arco Norte, têm começado a assumir um papel importante entre as opções de escoamento.
A avaliação é do diretor-geral da Associação Nacional de Exportadores de Cereais (ANEC), Sergio Mendes. Ao DCI, o executivo conta que o porto paraense de Barcarena praticamente dobrou o nível de embarques do segmento no acumulado deste ano. O volume de soja embarcada passou de 900.000 toneladas para 1.8 milhão de toneladas.
“Em Santos , foram embarcadas 5 milhões de toneladas só de milho em 2015, contra 3 milhões de toneladas no mesmo período do ano passado. Na soja, a variação foi pequena, de 2.4 milhões para 2.7 milhões de toneladas. Em Paranaguá (PR) houve uma queda de 4% no embarque da oleaginosa até o momento. Ou seja, se as exportações de soja cresceram pouco ou até diminuíram em portos do Sul e Sudeste é porque isso está sendo compensado por outros portos, como os do Norte”, disse Mendes.
De acordo com o diretor, a situação ainda pode mudar, mas a relevância do Arco Norte – que é a principal aposta para desafogar a concentração do escoamento de granéis – começa a aumentar.
O Programa de Investimento em Logística (PIL), lançado pelo governo federal neste ano, prevê R$ 37.4 bilhões para os portos. Só no primeiro bloco de arrendamentos, dos 29 terminais portuários contemplados, 20 estão no Pará e apenas 9 em Santos, somando investimentos de R$ 4.7 bilhões.
Vale destacar a inauguração oficial do Terminal de Grãos do Maranhão (Tegram), realizada no último dia 10 de agosto, que recebeu aporte total de R$ 640 milhões, dos quais R$ 245 milhões foram financiados pelo BNDES.
Projeções do Sul
Justificada por uma “coincidência atípica” de embarques entre a soja remanescente da safra 2014/2015 e a safrinha de milho, a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (APPA) informa que está havendo uma “megaexportação” de grãos naquela região, que teve início em agosto e vai até meados de outubro.
Em nota, a entidade diz que, tradicionalmente, nesta época do ano, os embarques de soja começam a desacelerar, dando lugar ao milho colhido na safra de inverno. No entanto, o período ter um volume de movimentações 71% superior ao do mesmo período do ano passado, atingindo 5.48 milhões de toneladas de grãos no Corredor de Exportação. Mais de 80 navios graneleiros devem carregar no terminal.
Segundo a Appa, do total previsto, 1.792 milhão de toneladas ainda é remanescente da safra de soja, 1.595 milhão de toneladas de farelo de soja e 2.092 milhões de toneladas de milho safrinha.
O coordenador do Movimento Pró Logística – organização presidida pela Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Edeon Vaz Ferreira, comenta que esta concentração não está sendo vista em outras unidades portuárias.
“Paranaguá recebeu um aporte recente para ampliação, o que deve fazer com que suporte esse movimento maior, como é esperado por eles”, lembra Ferreira. Nos últimos quatro anos, de acordo com a Appa, foram investidos R$ 511 milhões nos portos do Paraná.
Fonte: DCI