Pecuária brasileira terá de investir R$ 50 bilhões até 2030

Ceder área para permitir o avanço esperado para a agricultura brasileira até 2030 e também para o reflorestamento exigido pelo Código Florestal, exigirá da pecuária brasileira, um aumento de produtividade de mais de 75% e investimentos superiores a R$ 50 bilhões no período, levando-se em conta que a demanda por carne bovina seguirá em ascensão no País e no exterior.

Essa é uma das conclusões do estudo “Cenários para a Pecuária de Corte Amazônica”, divulgado nesta segunda-feira, 31 de agosto. Liderado pelos professores Britaldo Soares Filho e Fabiano Alvim, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o trabalho ajuda a embasar o governo federal para a COP21, conferência sobre o clima que acontecerá em Paris no fim deste ano. Em setembro, o estudo será apresentado ao secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, André Nassar.

Segundo Alvim, o cenário ideal traçado pelo estudo contempla forte aporte em tecnologias, com adubação e rotação de pastagens e maior utilização dos sistemas de engorda intensiva e semi-intensiva – os confinamentos ou semiconfinamentos, quando o boi é tratado com ração.

Recentemente, a Associação Brasileira de Exportadores de Carnes (Abiec) divulgou estudo semelhante, mas com projeções até 2035. O estudo em questão foi elaborado pela consultoria paulista Agroicone, uma das apoiadoras do projeto liderado pelos professores da UFMG.

Ainda no cenário ideal traçado pelos professores da UFMG, a produtividade da pecuária brasileira cresceria 76,8% até 2030, de 3,29 arrobas por hectare em 2011, ano-base da pesquisa, para 5,82 em 15 anos. Esse avanço permitiria aumentos do rebanho e da produção de carne bovina e uma drástica redução da área de pastagens, abrindo espaço para áreas de grãos e reflorestamento.

Conforme o estudo, a área de pastagens recuaria 24%, de 229 milhões de hectares em 2011 para 174 milhões em 2030. O Brasil tem, no total, cerca de 850 milhões de hectares.

Com o investimento em tecnologia, porém, a produção de carne bovina aumentaria 41,5%, para 12.4 milhões de toneladas (equivalente-carcaça). O rebanho bovino cresceria menos (19,3%, para 253 milhões de cabeças), mas o peso médio dos bovinos abatidos aumentaria.

Quanto aos investimentos, o destaque fica por conta da estrutura de confinamento. Conforme Alvim, a pecuária terá de investir R$ 50 bilhões até 2030 para ampliar a estrutura de confinamento nos Estados que formam o bioma amazônico, e na região o número de bovinos confinados ao ano subiria de 1.4 milhão de cabeças (2012) para 6.1 milhões.

 

Fonte: Valor Econômico

 

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp