Com nove casos de mormo registrados em Goiás, nos últimos nove meses, e a necessidade de um cadastro mais efetivo dos proprietários de equídeos, a equideocultura esteve no centro das discussões do setor agropecuário nos últimos meses. Na Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), a cadeia ganhou, inclusive, uma comissão técnica para acompanhar, de perto, os debates do setor.
Para aprofundar as discussões, a Federação, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Goiás (Senar Goiás), os Sindicatos Rurais e o Instituto Inovar realizam o 1º Seminário de Equideocultura, no próximo dia 19 de agosto. As inscrições são gratuitas e estão abertas (acesse http://ow.ly/QvZro).
O Brasil conta hoje com 7.487.657 cabeças, entre equinos, muares e asininos – o maior rebanho de equinos na América Latina e o terceiro mundial. Além disso, é o 8º maior exportador da carne equina no mundo, que deixa o País rumo, principalmente, à Rússia, Bélgica, Itália, Japão e Vietnã, onde o alimento é uma iguaria. Goiás possui o quarto maior rebanho do Brasil, com 446.219 cabeças, entre equinos, muares e asininos.
Presidente da Comissão de Equideocultura da Faeg, Hélio Fábio afirma que a ideia do seminário é mostrar ao produtor a importância da atividade no cenário nacional. Para isso, a programação contará com discussões sobre os benefícios do controle sanitário, a importância do cuidado com o bem estar animal e as perspectivas para a cadeia produtiva da equideocultura.
“Ao todo, cerca de 320 mil pessoas vivem, direta ou indiretamente, da atividade no nosso estado. Elas se sustentam do cavalo. Precisamos ou não precisamos pensar o setor com mais carinho e cuidado”, completa.
Entre os palestrantes presentes estarão: Roberto Arruda, da Universidade de São Paulo (USP); Ana Alix Mendes, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste); Egon Vieira do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa); além de Cláuida Leschonski e Luiz Almeida Marins, ambos da Universidade do Cavalo.
CADASTRO
Hélio explica que em 2014 a Faeg se reuniu com a Secretaria da Fazenda do Estado de Goiás (Sefaz) e com a Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa) para defender o cadastro do proprietário do equídeo que não possui propriedade, através do CPF e não da Inscrição Estadual (IE). Depois de muitas reuniões e discussões, a proposta foi aceita e o setor comemorou. Agora, o cadastro precisa ocorrer, de fato.
“O cadastro junto à Agrodefesa é importante para ter dados mais concretos sobre a quantidade de animais que existem em Goiás e a movimentação econômica que o setor proporciona ao estado. Nesse levantamento a gente conseguirá obter quanto estes animais estão gastando com médicos veterinários, vacina e alimentação, dando números mais precisos dos benefícios que estão trazendo para Goiás”, destaca.
A DOENÇA
O mormo, causado pela bactéria Burkholderia mallei, é transmitido pelo contato direto ou indireto – por meio de alimentos e água contaminados – com os animais doentes. A bactéria tem como hospedeiro principal os cavalos, mas outros mamíferos domésticos, como o homem, podem ser infectados. Não há tratamento e nem vacina contra o mormo e, de acordo com a legislação sanitária animal, os animais com a doença confirmada deverão ser sacrificados.
Para confirmar a doença, o animal passa por um exame realizado por um dos laboratórios – no Centro-Oeste só existem empresas particulares – credenciados junto ao Mapa. Se o resultado apontar para positivo, inconclusivo ou anticomplementar, o cavalo passa por um novo exame.
Desta vez, o material é colhido pelo serviço de defesa do local – no caso de Goiás, trata-se da Agrodefesa – e enviado ao laboratório oficial do Mapa. A partir do resultado divulgado, que só pode ser negativo ou positivo, inicia-se o processo de, no primeiro caso, desinterdição ou, no segundo caso, sacrifício do animal e saneamento da propriedade.
EXPORTAÇÃO DA CARNE
No Brasil o cavalo é um animal mais utilizado para estimação e esporte, mas a exportação da carne já é uma realidade, ainda que pequena. Em todo o País, em 2014, faturamos R$ 4,1 milhões com a venda de animais vivos e R$ 6,6 milhões com a venda de carnes.
Em 2015, de janeiro a junho, foram exportados US$ 3,90 milhões em carne de cavalo e US$ 1,92 milhão em cavalos vivos, respectivamente ocorrendo aumento expressivo de 66% e 40%, comparando com o mesmo período de 2014. Além da carne existem ainda outros subprodutos provenientes do abate de equídeos – equinos, muares e asininos -, como pincéis, ração para outros animais, vacinas opoterápicas, mortadelas e salsicharias.
Fonte: Faeg/Senar Goiás