Hidrovias do Brasil capta US$ 300 milhões e foca “Arco Norte”

A Hidrovias do Brasil, empresa controlada pelo P2 (joint venture formada entre a gestora Pátria Investimentos e o grupo Promon), fechou nova operação de aumento de capital que permitirá expandir sua atuação em logística fluvial, sobretudo no “Arco Norte” do país. A companhia captou US$ 300 milhões com a gestora de private equity Blackstone, o IFC e a BNDESpar, além de um segundo fundo do P2. O valor praticamente dobra o montante já investido na região Norte, e permitirá a Hidrovias do Brasil levar adiante a estratégia de atuar também nos segmentos de granel líquido e fertilizantes.

Criada em 2010, a companhia tornou-se operacional em 2013 e encerrou o ano passado com receita de R$ 75 milhões. Agora, prepara-se para a estreia no escoamento de grãos pelo Pará no próximo ano-safra, o 2015/16, que deverá dar a alavancada aguardada em seus resultados financeiros. Para tanto, tem assinados contratos de dez anos para o transporte de 6.5 milhões de toneladas ao ano de soja e milho comercializados pelas tradings Multigrain (1.6 milhão de toneladas), Noble (2.75 milhões) e Nidera (2.2 milhões de toneladas).

Em entrevista ao Valor, o diretor-presidente e CEO da empresa, Bruno Serapião, afirmou que R$ 1.5 bilhão já estão sendo aportados na primeira fase do investimento, que abrange a construção de dois terminais e uma frota própria de barcaças e empurradores. O terminal de transbordo de cargas em Miritituba, às margens do rio Tapajós, e o terminal de uso privativo (TUP) em Barcarena, próximo ao porto público de Vila do Conde, ambos em fase de obra, têm previsão de entrega no início do próximo ano.

Embora atue em outro corredor fluvial no Brasil – o Paraná-Paraguai -, no Uruguai, Paraguai e, a partir deste ano, também na Argentina, Serapião afirma que a atenção está voltada ao Norte do país. “Mais de 70% dos US$ 300 milhões serão para lá”. O restante, diz o executivo, irá para possíveis projetos no sul.

Com o aumento de capital, a Hidrovias ganha fôlego financeiro para colocar em ação a segunda fase do projeto, pretendido para estar finalizado em 2019/20. Conforme Serapião, os planos envolvem um segundo terminal de transbordo, também em Miritituba, para expandir a capacidade de operação com grãos a 8 milhões toneladas por ano. A instalação permitiria ainda a movimentação de granel líquido e fertilizantes, recebidos no frete-retorno das barcaças.

Como a concorrência, o executivo não descarta outros ativos no Norte do país – a concessão de um novo terminal portuário prevista em Santarém, também no Pará, está no radar do grupo. Atualmente, apenas a Cargill opera grãos no porto público.

Marabá é outra forte candidata à porta de saída para grãos. A empresa de logística fluvial do P2 já se posicionou na região com a aquisição de um terreno de 10 hectares à beira do rio Tocantins. O negócio, no entanto, está na gaveta, à espera de uma definição sobre a derrocada do Pedral do Lourenço, uma barreira natural de pedras que impede a navegabilidade plena de embarcações.

O aumento de capital segue em paralelo com outras estruturações de dívidas, no Brasil e nos demais países do Cone Sul, necessários para manter a máquina rodando.

Em 2011, a Hidrovias do Brasil abriu capital no país e levantou à época a hipótese de uma oferta de ações na bolsa – refutada posteriormente por diferentes executivos da empresa. Questionado sobre um eventual IPO, Serapião desconversa. “Estamos capitalizados”, diz, lembrando que a empresa conta também com recursos dos fundos Temasek e Aimco. “Não vejo necessidade de capital nos próximos três anos. A agenda, nesse momento, é estruturar nossos projetos”.

 

 

Fonte: Valor Econômico

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