O mercado brasileiro da soja trabalhou sem a referência da Bolsa de Chicago nesta segunda-feira (25) e, por isso, registrou oscilações mais limitadas. Mesmo diante de uma sessão positiva para o dólar, a reação dos preços não foi muito forte.
Nos portos brasileiros, os preços mantiveram certa estabilidade, ainda trabalhando entre R$ 66,00 e R$ 66,90 nos terminais de Rio Grande e Paranaguá. Enquanto isso, a safra nova ainda é negociada entre R$ 71,00 a R$ 72,00 por saca no porto gaúcho.
Segundo o consultor Ênio Fernandes, os negócios no Brasil caminharam de lado, com operações acontecendo pontualmente e de forma localizada. Com cerca de 30% da safra 2014/15 ainda para ser comercializada, o sojicultor, de acordo com Fernandes, segue observando as melhores oportunidades de venda que podem vir com rápidas altas de preços em Chicago.
Para o consultor, o mercado da chamada “safra velha” não deve registrar grandes movimentos de vendas mais adiante, e sim de negócios pontuais. Em Mato Grosso, cerca de 85% da safra já foi vendida, em Goiás, 90% e no Rio Grande do Sul, onde a colheita acontece um pouco depois do Centro Oeste, este número está próximo de 40%.
Para Steve Cachia, consultor da Cerealpar, essas melhores oportunidades de comercialização para o produtor brasileiro poderiam vir, principalmente, de uma nova alta do dólar. A divisa americana, nesta segunda-feira, conseguiu recuperar o patamar dos R$ 3,10, trabalhando durante toda a sessão em alta.
A tendência agora, segundo ele, é de que o dólar volte a subir face às incertezas sobre o ajuste fiscal no Brasil, além de o mercado financeiro sentir ainda o impacto do corte no orçamento da União e o aparente descontentamento do ministro da Fazenda Joaquim Levy sobre o valor, que ficou em R$ 69.9 bilhões, quando o esperado era algo entre R$ 70 e R$ 80 bilhões.
“E essa alta do dólar poderia trazer melhores condições de preços em reais para o produtor brasileiro”, disse Cachia.
Paralelamente, continua o acompanhamento do mercado internacional, que segue pautado pelo cenário climático e pelo desenvolvimento da nova safra dos Estados Unidos. E esses são os principais fatores de composição para um novo cenário de preços para a soja da nova temporada, como explica Fernandes.
Para esta terça-feira (26), analistas e consultores acreditam que o mercado internacional deverá retomar seus negócios em Chicago atento a essas informações e à espera do novo boletim semanal de acompanhamento de safras que será divulgado pelo USDA. E a expectativa é de que o percentual plantado da soja deva ficar entre 60 e 65% da área.
Exportações brasileiras
Os embarques de soja nos portos brasileiros em maio, no entanto, estão na contramão das vendas, que seguem em ritmo mais lento, com os produtores esperando esses preços melhores adiante, como explica Camilo Motter, analista da Granoeste Corretora de Cereais.
E este é um cenário que justifica ainda os prêmios que permanecem positivos nos portos, com valores entre US$ 0,51 e US$ 0,93 sobre as cotações de Chicago em Paranaguá, por exemplo.
No período correspondente aos primeiros 15 dias úteis de maio, o Brasil exportou um total de 7.049.300 toneladas de soja em grão, contra um volume de 6.551.000 toneladas no mesmo período do mês anterior, um aumento de 7,6%. E as expectativas dos representantes do setor são de as exportações de soja deste mês do Brasil sejam recordes.
Nas primeiras duas semanas do mês, os embarques brasileiros, segundo a Reuters, registram um volume 13% maior do que o de abril do ano passado e 29% mais elevado se comparado a maio de 2014. “Se o ritmo continuar nessa constância, podemos exportar 9.1 milhões de toneladas. O mercado para exportação está muito agitado pelos atrasos no início do ano”, disse o analista de grãos da Informa Economics FNP, Aedson Pereira à Reuters.
A agência informou ainda que a fila de navios previstos para carregar nos portos do Brasil, de acordo com a agência Marítima Williams, é bem maior do que a registrada há um ano.
Fonte: Notícias Agrícolas