A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) irá lançar e levar tecnologias para o 4º Rondônia Rural Show, nas áreas da cafeicultura, produção animal, vegetal e florestal. O evento acontece de 27 a 30 de maio em Ji-Paraná (RO).
“São quatro décadas de intensa produção científica da Embrapa Rondônia para o Estado e região amazônica. Tecnologias que estão disponíveis para os agricultores melhorarem a produção em quantidade e qualidade, com foco sempre na sustentabilidade do sistema”, explica o chefe-geral da Embrapa Rondônia, César Teixeira.
Segundo ele, o público que for ao evento poderá conferir destaques e o que de mais novo tem sido desenvolvido para o estado e região e que pode ser adotado pelos produtores.
Dentre as tecnologias a serem apresentadas estão às voltadas para a cafeicultura, que em Rondônia é uma das principais atividades agrícolas, destacando o Estado como o sexto maior produtor de café do País, além de ser o segundo da espécie Coffea Canephora (conilon e robusta). No entanto, ainda há muito a fazer no estado quanto ao melhoramento genético, manejo das lavouras e à qualidade de colheita e pós-colheita do café.
Neste sentido, a Embrapa Rondônia tem desenvolvido tecnologias que estão disponíveis aos produtores. Confira abaixo tecnologia que será lançada e outras que são destaque para a cafeicultura, produção animal e sistemas sustentáveis de produção desenvolvidos e recomendadas pela Embrapa em Rondônia e que estarão disponíveis no Rondônia Rural Show.
SECAGEM DE CAFÉ COM QUALIDADE
O Terreiro Secador de Cobertura Móvel, ou Barcaça Seca Café, é uma estrutura desenvolvida pela Embrapa Rondônia. Trata-se de uma tecnologia sustentável, que alia tradição e simplicidade para a secagem do café com qualidade. A estrutura é simples e tem um custo acessível aos produtores, oferecendo a eles a liberdade de gerenciar o processo de secagem.
Diminui, além disso, a utilização de mão de obra, já que não será necessário fazer a amontoa do café nos períodos de chuva, ou mesmo durante a noite, é ecologicamente sustentável, pois utiliza energia solar, e a secagem é feita a uma temperatura próxima da ideal, que vai de 35°C a 45°C.
A cobertura móvel pode ser adaptada em qualquer terreiro de cimento convencional, tradicional nas propriedades de café. Além desta base, utiliza-se uma estrutura metálica e telhas plásticas transparentes (ou lona plástica).
“Este terreiro é uma tecnologia viável para o produtor, pois diminui mão-de-obra, é um processo de secagem com qualidade e de baixo custo e ecologicamente sustentável”, argumenta o pesquisador da Embrapa Rondônia, Enrique Alves.
PRIMEIRA CULTIVAR
Uma área foi reservada no 4º Rondônia Rural Show para o plantio e demonstração ao público da cultivar de café Conilon BRS Ouro Preto (Coffea canephora Pierre ex Froehner), a primeira lançada pela Embrapa no Brasil, sendo resultado de pesquisa conduzido pela Embrapa Rondônia e o Consórcio Pesquisa Café. Também é a primeira cultivar de café conilon do Brasil a receber o Certificado de Proteção, concedido pelo Serviço Nacional de Proteção de Cultivares, vinculado ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Recomendada especialmente para Rondônia, segundo produtor de café conilon do País, a cultivar foi obtida pela seleção de cafeeiros com características adequadas às lavouras comerciais do estado e adaptada ao clima e ao solo da região. Sua denominação é uma homenagem ao município de Ouro Preto do Oeste, centro pioneiro da colonização oficial do antigo território de Rondônia.
CUSTOS REDUZIDOS
Um dos principais gargalos enfrentados pelos cafeicultores é a falta de mão-de-obra, que limita o desenvolvimento da produção, tanto em quantidade como em qualidade. E, com o intuito de minimizar este problema, a Embrapa Rondônia está realizando testes para a colheita semi-mecanizada do café canéfora (conilon e robusta), que pode ser uma alternativa viável.
Segundo o pesquisador Enrique Alves, a maior parte das máquinas para a colheita é desenvolvida para o café arábica, ignorando as características do café canéfora, mais comum em Rondônia, por isso a necessidade de adaptações. Em testes iniciais, foram feitas medições e, comparando com a colheita manual, o rendimento da máquina foi de aproximadamente cinco para um. Isso quer dizer que, considerando a máquina trabalhando com quatro operadores, ela tem potencial de fazer o trabalho de derriça de mais de 20 homens, reduzindo os custos em até 70%, quando comparada à colheita manual.
“Entretanto muito trabalho ainda há de ser feito. É preciso um ajuste mais fino das máquinas, assim como um planejamento da implantação da lavoura e escolha de variedades com características desejáveis à colheita semi-mecanizada (porte e arquitetura da planta, homogeneidade de maturação e produtividade)”, detalha Enrique Alves.
As máquinas recolhedoras e trilhadoras do café são baseadas no sistema de podas e renovação anual e/ou periódicas das lavouras. Em que, os ramos provenientes das podas, contendo ainda os frutos, formam leiras que são trilhadas mecanicamente ou podem simplesmente alimentar as máquinas de forma manual.
Essa forma de colheita semi-mecanizada possui grande potencial por utilizar máquinas mais compactas e de menor custo, além de não exigir a obrigatoriedade da adequação espacial das lavouras de café. Este trabalho tem sido realizado em parceria com as Indústrias Colombo/Miac.
DEGUSTAÇÃO
Resultados coletados este ano em áreas experimentais de café arábica da Embrapa Rondônia superam as expectativas. Em cinco áreas, instaladas em municípios dos estados de Rondônia e Acre, foram obtidos genótipos atingindo produtividades acima de 30 sacas por hectare, excelente resultado, segundo o pesquisador da Embrapa Rondônia, Alexsandro Teixeira.
Alguns desses materiais também obtiveram maturação tardia, com a colheita realizada em abril, o que favorece para a região. A pesquisa tem como objetivo viabilizar a produção de café arábica em Rondônia e região, visando suprir a crescente demanda desse tipo de grão. Os trabalhos de melhoramento genético do café arábica foram iniciados em 2005. Conduzidos pela Embrapa Rondônia e Embrapa Café, em parceria com o Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e Epamig, também participante do Consórcio.
Além da busca por produtividade, outro critério seletivo é o ciclo de maturação tardio.
“É observado que o café arábica amadurece mais cedo em regiões de clima quente, o que para nossas condições coincide com as altas precipitações dos meses de janeiro a março, dificultando a secagem dos grãos”, explica o pesquisador.
A pesquisa ainda está em andamento, mas bons resultados já tem sido conquistados, demonstrando o potencial do café arábica para a região. Durante o Rondônia Rural Show amostras do café arábica de áreas de experimentos da Embrapa estarão sendo servidas no estande da Empresa.
TECNOLOGIA PARA REBANHO
A avaliação da condição corporal (CC) de bovinos contará em breve com um grande aliado no Brasil. É que a Embrapa Rondônia desenvolveu um dispositivo formado por duas réguas de 20 centímetros cada uma, com 4,4 centímetros de largura e articuladas de maneira a formar a angulação de 0° a 180° para monitorar o rebanho de forma rápida e precisa.
Batizado de Vetscore, trata-se de um instrumento simples que será útil, particularmente para pequenos produtores, como os de gado leiteiro, pois, não há no mercado nenhum instrumento similar para a avaliação da condição nutricional.
De acordo com o pesquisador da Embrapa Rondônia e inventor do Vetscore, Luiz Pfeifer, a simplicidade e a eficiência dessa tecnologia fazem dela uma grande aliada do pecuarista. Ele recomenda que a avaliação do rebanho com o Vetscore seja realizada quinzenalmente, pois, por meio do adequado uso da informação obtida, o proprietário terá o máximo retorno com cada animal.
A Embrapa Produtos e Mercado está trabalhando para o início da comercialização do Vetscore em breve. Está sendo realizado edital de convocação das empresas interessadas em comercializar o produto. Protótipos do Vetscore estarão à disposição do público durante o Rondônia Rural Show.
RECUPERAÇÃO DE PASTAGENS
O uso da soja e para a recuperação de pastagens tem agradado os pecuaristas de Rondônia. De acordo com o pesquisador da Embrapa Rondônia, Vicente Godinho, estima-se que 70% das áreas de pastagem do estado estão com algum grau de degradação e a soja vem como uma alternativa para a recuperação destes solos, no sistema de integração lavoura-pecuária (ILP).
O pesquisador destaca ainda o avanço da soja para a região Norte do estado. “A estrutura fundiária com grandes áreas, a topografia adequada para a produção da soja e a proximidade com o porto de Porto Velho são algumas das vantagens que estão fazendo com que o grão chame a atenção dos produtores desta região. Para se ter ideia, o custo de uma saca de soja chega a ser de quatro a cinco reais menor pela proximidade com o porto”, afirma Vicente.
Integração Lavoura-Pecuária-Florestas (ILPF) e suas variações é um sistema recomendado para Rondônia e de grandes resultados. Também será apresentado no Rondônia Rural Show.
Além destas tecnologias, a Embrapa Rondônia também levará informações, vídeos e publicações sobre Sistema de Plantio Direto; Suplementação animal em período seco; Qualidade do leite e controle de mastite; Sistemas de produção desenvolvidos pela Embrapa Rondônia; trabalhos desenvolvidos com fruticultura; Boas Práticas Agropecuárias; entre outras que estarão à disposição do público do evento.
Fonte: Embrapa Rondônia