“Se o ritmo continuar nessa constância, podemos exportar 9.1 milhões de toneladas… O mercado para exportação está muito agitado pelos atrasos no início do ano”, disse o analista de grãos da Informa Economics FNP, Aedson Pereira.
O Brasil tem disputado com os Estados Unidos o posto de maior exportador global de soja nos últimos anos.
A fila de navios previstos para carregar soja nos portos brasileiros nas próximas semanas é bem superior à registrada exatamente um ano atrás, segundo análise da Reuters sobre dados da agência marítima Williams.
Desta sexta-feira até o fim do mês, a previsão é de que sejam embarcadas 3.15 milhões de toneladas nos portos brasileiros, volume 32% superior ao registrado no mesmo período de maio de 2014.
Desde o início deste ano comercial, em fevereiro, os embarques brasileiros têm sido mais lentos em todos os meses, apesar de o País ter colhido uma safra recorde de 95.1 milhões de toneladas em 2014/15, 10% superior à anterior.
Analistas disseram que a colheita do ano passado foi excepcionalmente antecipada, permitindo que os grãos chegassem muito antes aos portos, algo que não foi repetido nesta temporada, que teve plantio atrasado por seca e uma colheita também mais tardia.
Além disso, a greve de caminhoneiros no fim de fevereiro atrapalhou um pouco o transporte dos grãos das regiões produtoras até os portos e indústrias.
Apesar deste início mais lento, 2015 deverá fechar com embarques recordes no País, de 48 milhões a 48.5 milhões de toneladas, contra 45.7 milhões em 2014, na projeção de Flávio França Junior, da França Junior Consultoria.
“Não acho que vai ter problemas maiores de volume. A demanda está forte. O câmbio levou a um bom volume de negócios (vendas de produtores) em março e abril”, disse o analista.
Na opinião dos especialistas, a atenção do mercado consumidor está toda voltada para o Brasil, com a entressafra norte-americana e com a relutância dos agricultores argentinos em vender sua soja, por questões macroeconômicas.
A prova do interesse pela soja brasileira se reflete nos diferenciais pagos nos portos. Compradores estão oferecendo atualmente prêmio US$ 0,65 por bushel, contra oferta de desconto de US$ 0,35 um ano atrás, segundo a Informa FNP.
O real desvalorizado é outro fator que permite aos compradores oferecer diferenciais maiores na aquisição da soja brasileira.
NEGÓCIOS
O início do ano foi marcado por vendas de produtores relativamente baixas, provocando temores de que as empresas exportadoras poderiam ter um volume menor de soja para ofertar aos compradores internacionais.
Os preços da soja na bolsa de Chicago têm flutuado perto do menor patamar desde 2010, o que fez com que os agricultores brasileiros, bastante capitalizados, segurassem o fechamento de negócios, em busca de janelas de oportunidade.
Essas oportunidades ocorreram principalmente em março, quando o dólar subiu ao maior patamar em mais de uma década frente a moeda brasileira.
“As vendas só começaram a aquecer quando o dólar subiu… Mas para isso se refletir nos embarques, tem um delay (atraso)”, disse a analista soja da INTL FCSstone, Natália Orlovicin.
Por esse motivo, a estimativa dela é que maio termine com embarques muito próximos do recorde histórico, em torno de 8 milhões de toneladas.
A FCStone projeta embarques de soja de 7.3 milhões de toneladas em junho. A Informa FNP prevê 7.5 milhões. O mesmo mês de 2014 teve exportações de 6.9 milhões de toneladas.
Fonte: Reuters