O Porto de Paranaguá divulga nesta quarta-feira (20) balanço em que informa ter exportado volume recorde de soja em grão em abril, um mês antes da onda nacional de exportação prevista para maio. O embarque foi de 1,48 milhão de toneladas em 30 dias dias no porto paranaense. O recorde anterior era de 1,45 milhão, em março de 2014, conforme as estatísticas da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa).
“Estamos em um ano muito atípico. O escoamento vinha sendo menor e isso empurrou os embarques para abril”, disse o diretor-presidente dos portos de Paranaguá e Antonia, Luiz Henrique Dividino. Ao longo do ano, a exportação deve ser mais “espalhada até agosto”, disse.
Sua previsão é que os embarques de soja subam 3% em relação aos 7,5 milhões de toneladas remetidos ao exterior em 2014 por Paranaguá. “O segundo semestre vai ser mais intenso que o primeiro”, disse, considerando também aumento na movimentação de açúcar, farelo de soja e congelados. Em todas as cargas, Paranaguá espera acréscimo de 7%.
Onda nacional
O recorde mensal brasileiro ainda é a marca de 8,25 milhões de toneladas registrada em abril do ano passado. No mesmo mês deste ano, o país exportou apenas 6,55 milhões de toneladas, conforme a Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Mas, no ritmo da primeira quinzena, maio pode registrar 9,35 milhões de toneladas, uma marca inédita para o Brasil.
O Porto de Rio Grande embarcou em abril 1,75 milhão de toneladas de soja em grão, conforme a Secex. Trata-se do maior volume entre os portos do país — 18% acima do registrado em Paranaguá. Santos, normalmente a principal porta de saída, escoou apenas 439 mil toneladas no mês passado, quando incêndio em tanques de combustível e greve dos caminhoneiros restringiram a chegada de caminhões de grãos.
Para o diretor-presidente do Porto de Paranaguá, os problemas em Santos adiaram as exportações de soja zona de abrangência, mas não foram determinantes para os números de abril registrados no Paraná. Ele defende que Paranaguá é opção dos exportadores que usam o porto.
“O incêndio não afetou o carregamento [de soja] nos terminais de Santos”, pontua. Dividino admite que houve restrição a caminhões, mas avalia que a movimentação de contêineres é que foi a mais prejudicada.
Queda geral
No quadrimestre, o volume de soja em grão exportado por Paranaguá é 32% menor que o do mesmo período de 2014, somando 2,8 milhões de toneladas, mostram dados do porto. Em âmbito nacional, também houve redução, de 24%, com os embarques limitados a 13,1 milhões de toneladas, conforme dados da Secex.
Depois de ocupar por dois anos a liderança nas exportações, o Brasil deve ficar atrás dos Estados Unidos, numa diferença de 46 milhões para 49 milhões de toneladas, apontam projeções de Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) tomadas como referência pelo mercado para a temporada 2014/15.
Os Estados Unidos se superaram em novembro de 2014, com 10 milhões de toneladas num único mês. O número anterior era de 9 milhões de toneladas (out/14). Na última década, os EUA ocuparam o posto de maior exportador sete vezes e o Brasil, três. Os embarques brasileiros devem superar os norte-americanos em 2015/16.
Escoamento
O Brasil tem o desafio de escoar um volume cada vez maior de soja todos os anos, aponta o consultor Luiz Antônio Fayet. Ele afirma que, além da produção regional de 70 milhões de toneladas de soja e milho (42% do total), o Sudeste e o Sul do país recebem 64 milhões de toneladas provenientes da metade Norte do país — acima do paralelo 16, onde se produz 96 milhões de toneladas desses grãos (58% da safra).
Houve avanço na estruturação dos portos do Arco Norte nesta temporada, mas o incremento mal acompanha o crescimento da produção em regiões como o Norte de Mato Grosso e o Matopiba, analisa Fayet. “No ritmo atual de investimento, vamos levar mais de 20 anos para que a região tenha estrutura necessária à sua demanda”, afirma.
Fonte: Agrolink