Um abatedouro móvel para suínos, desenvolvido em 2014 pela Embrapa Suínos e Aves (Concórdia – SC), já está disponível para aquisição por parte dos produtores rurais. Construído na carroceria de um semirreboque, o abatedouro pode ser transportado para um espaço fixo pré-determinado para o abate de animais.
Segundo o técnico Idair Piccinin, do Setor de Articulação e Implantação de Tecnologias da Embrapa Suínos e Aves, ele conta com equipamentos necessários para refrigeração e miniprocessamento das carcaças, tratamento dos efluentes, bem-estar animal e segurança dos trabalhadores envolvidos. Sua capacidade de abate e refrigeração é de até 80 suínos por dia ou até 130 quilos, em média, de peso vivo.
“Os arranjos produtivos locais (APLs) de carne suína e seus derivados, geralmente, não se viabilizam pelo alto custo de construção de abatedouros fixos e, como consequência, em locais que não disponham de outros tipos de abatedouro de suínos, os clientes e consumidores não conseguem adquirir as carnes e derivados produzidas no seu próprio município para supermercados, casas de carne, mercados públicos, feiras, merenda escolar, eventos, restaurantes locais e programas de aquisição de alimentos do governo federal”, destaca.
VANTAGENS
Piccinin cita algumas vantagens, como inspeção e legalização fiscal, sanitária e ambiental de produtos da pecuária brasileira em escala reduzida, refletindo na saúde pública; facilidade para o início de pequenos APLs e rápida ampliação da produção, além da melhoria da qualidade dos produtos cárneos produzidos nos programas de desenvolvimento rural locais.
Os abatedouros, continua o técnico, podem ser construídos em série e deslocados para qualquer parte do território nacional; sua estrutura é facilmente adaptável para abate de outras espécies ou para outras utilizações. Além disto, o custo pode ser compartilhado entre vários municípios, cooperativas ou grupos de produtores.
“É um equipamento, não uma edificação, portanto pronto para uso imediato. Pode ser construído sobre um semirreboque usado e transferido para outras localidades quando não for mais utilizado em seu APL original. Ainda poderá ser licenciado para inspeção sanitária estadual (SIE) ou municipal (SIM)”, detalha Piccinin.
TECNOLOGIA
De acordo com o técnico, “a tecnologia veio para solucionar o grave problema da falta de opções para o abate inspecionado de suínos em empreendimentos de pequena escala”. “Nesta visão ela só apresenta pontos positivos e vantagens sobre outras opções.”
“Neste momento, não será licenciado pelo Serviço de Inspeção Federal (SIF), portanto, não se pode exportar as carnes e derivados produzidas com o uso desta tecnologia”, informa.
Para chegar ao resultado final foram necessários dois anos. entre pesquisas e testes. Em dezembro do ano passado, o abatedouro móvel passou por uma validação em condições reais de campo, com o abate de suínos em um frigorífico em Concórdia, e outro, em Jaborá, ambos no Estado de Santa Catarina. O relatório da Cidasc validou o equipamento com as tecnologias empregadas para suas finalidades.
“A intenção agora é construir três tipos de abatedouro: um destinado a suínos, bovinos e outros ruminantes; um segundo modelo adaptado a aves e coelhos; e um terceiro para peixes; em parceria com outras Unidades da Embrapa (Caprinos e Ovinos, em Sobral/CE; Pesca e Aquicultura, em Palmas/TO; e Pecuária Sul, em Bagé/RS).”
De acordo com Piccinin, o abatedouro pode ser customizado, ou seja, deve atender às necessidades de cada cliente. “Os valores precisam ser obtidos com a empresa fabricante (Engmaq de Peritiba – SC), que fornece os preços e condições de pagamento conforme a demanda do cliente.”
INCLUSÃO
Conforme o técnico da Embrapa, a intenção agora é incluir o abatedouro móvel no programa “Mais Alimentos”, linha de crédito do Pronaf que financia investimentos para a modernização da agricultura familiar e no Finame (Financiamento de Máquinas e Equipamentos), com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Social e Econômico (BNDES) e destinado a empresas de micro e pequeno porte localizadas em qualquer região do País.
Para dar prosseguimento a este cadastro, informa Piccinin, “é necessário cadastrar o abatedouro e a empresa fabricante (Engmaq) e providenciar documentação da empresa fabricante”.
O projeto foi idealizado em parceria com a Engmaq Máquinas e Equipamentos de Peritiba (SC), com a intermediação da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc) e apoio financeiro da Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do mesmo Estado (Fapesc).
Informações sobre o abatedouro móvel para suínos estão disponíveis na Embrapa Suínos e Aves, pelo site www.embrapa.br/fale-conosco/sac ou telefone (49) 3441-0400; ou na Engmaq, pelo e-mail contato@engmaq.com ou telefone (49) 3453-1632.
Por equipe SNA/RJ