O Dólar em alta foi comemorado pelos produtores rurais brasileiros na hora de vender a safra 2014/15. Agora, no entanto, essa cotação da moeda norte-americana preocupa no momento de adquirir os insumos para a próxima safra – o que exige uma estratégia de compras que garanta lucratividade no ciclo 2015/16.
“A safra 2015-2016 aponta para preços de commodities pressionados no mercado externo, o que pode gerar receitas mais apertadas. Logo, gerir bem os custos pode ser um diferencial de rentabilidade”, aponta Victor Yoiti Ikeda, analista econômico de insumos agrícolas do Rabobank Brasil.
Os fertilizantes tendem a subir no segundo semestre do ano, tanto pela maior concentração de importações como o fluxo de entrega dos produtos. Estudo do Rabobank Brasil aponta que esses insumos são os de maior peso no orçamento (considerando os últimos 10 anos).
“A movimentação mais intensa eleva a demanda e o valor do frete, o que acaba resultando em um fertilizante mais caro. Por isso, ao comprar, o produtor pode se expor menos aos riscos da desvalorização cambial por meio de trocas de um produto por outro (barter), pois tanto grão quanto fertilizantes são indexados em dólar. Outra opção é o hedge de câmbio (operação para garantir proteção contra possível variação cambial), para negócios em que fica em aberto o pagamento do fertilizante”, explica Ikeda.
“Boas oportunidades em reais devem ser aproveitadas. Produtores capitalizados que podem comprar à vista devem usar este cenário a seu favor na hora de negociar”, completa ele em entrevista para a Revista Plantar.
Confira dicas antes de fechar negócio:
1) Considerando o preço dos insumos, os menores valores até o plantio da próxima safra de verão devem ser verificados de abril a junho. Depois disso, a tendência é de preço mais elevado.
2) Trocas de grãos por fertilizante e insumos de forma geral podem ser uma boa alternativa para o produtor controlar os custos de produção da propriedade e não ficar tão exposto à consequências da variação do câmbio.
3) Caso o produtor deixe em aberto o pagamento de fertilizantes, a trava de câmbio (fixar cotação do dólar perante o real) na negociação é interessante para reduzir o risco de gastar mais no futuro diante das oscilações do mercado.
4) Os estoques finais de fertilizantes em 2014 foram os maiores desde 2008, e as entregas do 1º trimestre de 2015 foram menores do que no ano passado. Logo, a recomendação ao produtor capitalizado é antecipar ao máximo a compra dos insumos ou negociar melhores preços.
5) Diante do cenário atual e dos riscos de novas oscilações cambiais, este tende a ser um ano interessante para utilizar os estoques de nutrientes no solo e tentar otimizar a adubação, como por meio de tecnologias de agricultura de precisão.
Fonte: Agrolink