A safra de verão mal acabou e o produtor precisa planejar a safra de inverno, definindo as áreas de cultivo, reservando sementes e demais insumos que farão parte da lavoura. A Embrapa Trigo elencou uma série de motivos para que o produtor invista no cultivo do trigo, evitando deixar as áreas em pousio no inverno.
A colaboração é do pesquisador João Leonardo Pires, responsável pelo projeto “Estratégias de manejo regionalizadas para a manutenção da viabilidade técnica e econômica da sucessão trigo e soja no sul do Brasil”.
1. Redução da ociosidade do campo
As áreas de lavoura com cultivos de grãos no verão, como a soja, o milho, o sorgo e o feijão chegam a 15 milhões de hectares no sul do Brasil, enquanto que a área com cultivos de inverno atinge somente cerca de 2 milhões de hectares. Além de improdutiva, a área em pousio acaba coberta por plantas daninhas que dificultam a limpeza da área para a semeadura de verão e geram gastos adicionais com dessecantes.
2. Conservação do solo
A monocultura da soja, muitas vezes com cultivares de baixa produção de massa, tem deixado o solo descoberto após a colheita de verão, já que, diferente do milho, a palhada de soja se decompõe rapidamente após a colheita. O sistema plantio direto, muito utilizado na Região Sul, necessita de plantas, especialmente gramíneas, com capacidade de produção de grandes quantidades de palha. A cobertura do solo com culturas de inverno é fundamental para evitar a erosão e a lixiviação de nutrientes que são perdidos durante enxurradas.
3. Mais sustentabilidade no ano
A concentração de recursos numa única safra aumenta o risco de quebra com frustrações do clima ou oscilações do mercado. O indicado é diluir o custo de insumos, mão-de-obra e maquinário na diversificação de culturas que permitam mobilidade na receita e no investimento. O clima subtropical da Região Sul permite a intensificação do uso das áreas sem a necessidade ou obrigatoriedade de pousio. Além de otimizar as áreas, o cultivo de inverno movimenta o maquinário e aproveita a sobra residual de adubo aplicado no verão. Prática comum em algumas regiões tem sido aplicar toda a adubação no inverno e não adubar a soja, facilitando a implantação da cultura de verão somente com o uso de sementes. A rotação de culturas, principalmente gramíneas/leguminosas, também é uma das maneiras mais eficientes de controlar doenças e pragas na lavoura.
4. Aumento do rendimento de grãos
Apesar de ainda controverso, o aumento do rendimento da soja após o trigo em comparação com sistemas que utilizam pousio no inverno é resultado comprovado pela pesquisa. Isso é possível porque sistemas que utilizam trigo no inverno e soja em sucessão tem se mostrado mais eficientes no aproveitamento de nutrientes e tolerância a limitações do ambiente. Para atingir os bons resultados, o cultivo do trigo deve seguir as indicações técnicas com ajuste de tecnologias para cada realidade de produção.
5. Disponibilidade de tecnologia
O Brasil dispõe de competência tecnológica para produzir trigo (conhecimentos e produtos) comparado aos principais países produtores mundiais. São mais de 100 cultivares disponíveis no mercado, defensivos e sistemas de produção indicados especificamente para a cultura em diferentes regiões tritícolas, zoneamento e seguro agrícola. Em constante evolução, a pesquisa investe em trigos mais tolerantes aos efeitos das intempéries do clima, como germinação na espiga, doenças fúngicas e déficit hídrico, que podem afetar a qualidade e o rendimento de grãos das lavouras.
Veja aqui as informações Técnicas para Trigo e Triticale – Safra 2015
Fonte: Embrapa