O ministro chefe da Secretaria Nacional de Portos (SEP), Edinho Araújo, pede o apoio da iniciativa privada para melhorias dos portos e destaca a importância do diálogo do setor portuário no País. Suas declarações foram feitas durante a inauguração da Intermodal South America, que aconteceu juntamente com a Infraportos South America 2015, feira dedicada à infraestrutura portuária, no Transamerica Expo Center, em São Paulo.
Ele falou também sobre a audiência pública para debater as novas leis, convocada pela Secretaria de Portos para discutir a modelagem para a concessão do canal dos portos organizados. Na audiência, também realizada na capital paulista, o senador Wellington Fagundes (PR-MT) defendeu a melhoria da estrutura portuária brasileira e investimentos sólidos nas hidrovias. Fagundes é autor da PEC 39, que transforma a política de concessões em política de Estado, para gerar mais segurança aos investimentos.
“A partir do momento em que o Brasil criar cenários que permitam garantias efetivas para quem investe nos programas de concessões, tenho certeza que haverá grandes avanços, principalmente no campo da logística. O resultado disso será a redução de custos e aumento da competitividade dos produtos nacionais. Nesse sentido, a melhoria dos portos é fator fundamental”, assegura Wellington.
De acordo com a SEP, nos próximos três anos, o setor portuário brasileiro deve manter ritmo de crescimento ao receber um volume de aplicações da iniciativa privada equivalente a R$ 36 bilhões, considerando os pedidos de autorização de investimentos de arrendamentos existentes, as autorizações para Terminais de Uso Privado e os arrendamentos de áreas em portos organizados previstos no Plano de Investimento em Logística. Somam-se aos investimentos citados, os recursos da segunda fase do Programa Nacional de Dragagem (PND2) e dos arrendamentos, duas das prioridades do setor público, de acordo com a Secretaria Nacional de Portos.
A Intermodal South America é considerada o principal encontro do setor de logística, transporte de cargas e comércio exterior. O evento reuniu 680 marcas expositoras de 25 países e a estimativa é de que 50 mil pessoas tenham visitado o evento, durante três dias. Paralelamente, foi realizada a InfraPortos 2015 que, segundo Ricardo Barbosa, gerente da Intermodal, atraiu operadores portuários de todos os portos do País, focados no aumento da eficiência operacional, na racionalização e na ampliação da capacidade portuária brasileira.
MERCADO
As lideranças empresariais e setoriais que participaram da feira deixaram claro que, quando as decisões de governo forem tomadas com a mesma ousadia e velocidade com que a iniciativa privada firma novos negócios e parcerias, o Brasil aumentará a sua participação no mercado internacional.
O mercado, como foi possível conferir durante o evento, vive um período de espera. As dúvidas sobre o processo de arrendamentos dos terminais portuários e o novo marco regulatório das ferrovias, por exemplo, criaram um cenário de dúvidas, principalmente sobre como planejar os empreendimentos a médio e longo prazo. Isso, no entanto, não foi obstáculo para que as empresas e complexos portuários participantes da Intermodal fechassem bons negócios e projeções de parcerias.
Para o diretor da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), Lourenço Fregonese, os resultados poderiam ser ainda melhores se houvesse agilidade nas decisões governamentais: “Precisamos que os processos de arrendamentos e concessões dos terminais portuários aconteçam com mais rapidez para que o País atenda À grande demanda do comércio exterior”.
As conferências realizadas durante a Intermodal South America 2015 reuniram especialistas e lideranças empresariais em torno de temas, como o Novo Código Comercial Marítimo; Infraestrutura – Avanços e Perspectivas; Desafios Estruturais dos Portos Brasileiros; e Porto Indústria e Acesso aos Portos. No terceiro e último dia (10 de abril), dois seminários movimentaram a feira: Supply Chain – Identificando Soluções, realizado em parceria com o Instituto Brasileiro de Supply Chain (Inbrasc); e Condomínios Logísticos e Plataformas Logísticas.
LOGÍSTICA REVERSA
Um dos destaques foi o painel “Logística Reversa como um diferencial competitivo”, que abordou qual o impacto da Lei de Resíduos Sólidos no mercado e como é possível identificar oportunidades para agregar valor ao que é descartado. “A gestão do fluxo de materiais na logística reversa é uma segunda economia. Precisamos que o empresariado se cure dessa miopia e perceba as oportunidades que se apresentam”, disse Antonio Fernando Pinheiro Pedro, da Pinheiro Pedro Advogados.
Diretor-geral da Voticare, Ricardo Melchiori acredita que a solução está na prestação de serviços especializados. “A logística reversa é muito cara. Não vejo como uma operação sendo executada pela empresa, mas sim por uma empresa oferecendo as soluções para todas as outras. Vai ganhar dinheiro quem oferecer isso”, explicou Melchiori.
A FEIRA
“Com a 20ª edição da Intermodal fechamos um ciclo e acreditamos ter contribuído, aproximando as empresas do mercado e promovendo discussões que culminam em avanços para o setor e que, certamente, melhoraram a projeção do País como player internacional”, disse Joris van Wijk, diretor da UBM Brazil, organizadora do evento.
Gerente da Intermodal, Ricardo Barbosa antecipou ainda a data de realização da próxima edição do evento. “A 21ª edição da Intermodal South America acontecerá entre os dias 7 e 9 de abril de 2015, no Transameria Expo Center, em São Paulo (SP).”
Por equipe SNA/SP com apoio da assessoria