Soja: De olho na próxima safra

O câmbio favorável está estimulando a antecipação das vendas futuras da safra 2015/16, de soja. Cerca de 2% da projeção do novo ciclo está comercializada em todo país, mesmo volume contabilizado para Mato Grosso. Mesmo com foco na conclusão da colheita, com muita soja da safra atual para ser negociada e com olhos voltados para o mercado de insumos (aquisições de sementes, fertilizantes e defensivos), o produtor já ensaia as travas dos primeiros lotes de uma lavoura que só começa a ser plantada em outubro. Mais do que nunca a movimentação está antecipada e acelerada. A incerteza financeira do novo ciclo está levando os produtores a aproveitarem os picos do dólar, que vai finalizando março, com trajetória ascendente.

Conforme informações da AgRural, os bons preços em reais resultantes da alta do dólar estimularam as vendas antecipadas da safra 2015/16. “Por isso, o mês de março vai chegando ao fim com 2% da produção potencial da próxima temporada já negociada no Brasil. No ano passado, a comercialização da safra 2014/15 só começou em maio”, explica a analista, Daniele Siqueira.

Como a maior parte da comercialização do Paraná é em reais, muitos produtores aproveitaram o bom momento para travar custos. Com isso, o estado saiu na frente e já tem 5% negociado. No oeste, bons volumes para fev/16 chegaram a sair por R$ 68 a saca.

Mato Grosso do Sul e Goiás aparecem em seguida, com 3% cada. Em Dourados (MS), a saca para mar/16 foi negociada por R$ 60, livre ao produtor. Em Rio Verde (GO), lotes rodaram a R$ 63 para exportação em mar/16. Em dólar, a demanda chegou a oferecer US$ 18,50, mas a pedida dos produtores era de US$ 20.

Em Mato Grosso, maior produtor nacional de soja, as vendas somam 2% e o volume só não é maior porque boa parte dos produtores fixa a produção em dólar. Em Sorriso (norte do Estado), lotes para fev/16 saíram por R$ 56. Mas a média do mês em dólar, de US$ 16,50, não agradou a ponta vendedora. No mercado disponível, ou seja, grão da atual safra, a pedida do produtor chega a R$ 62 em Alto Araguaia (sul de Mato Grosso), mas o máximo oferecido foi de R$ 60.

Apesar da movimentação em torno das vendas futuras – ou, travas futuras, como se diz no segmento – o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) – que ainda não divulgou dados referentes à safra 2015/16 – chama à atenção para o volume a comercializar do atual ciclo. Das mais de 28,14 milhões de toneladas estimadas, cerca de 60% estavam vendidas até o início do mês, o que revelava um atraso no ritmo de comercialização de 10 p.p. em relação ao mesmo período do ano passado.

INSUMOS – Até o dia 26 de março, 94% dos mais de 8 milhões de hectares semeados nessa safra estavam colhidos, com a colheita se dirigindo para a reta final. “Neste momento, parte da atenção dos produtores já se volta para as compras de insumos da próxima safra. No entanto, os custos recordes e as incertezas com relação ao tamanho e à direção dos preços da próxima temporada tornam o ritmo da comercialização dos insumos ainda bastante lento e bem abaixo do que já havia sido negociado até março de 2014. Apesar do alto patamar da paridade de exportação da soja neste momento, devido à escalada do dólar neste mês, o aumento no custo de insumos da safra 2015/16 torna a relação de troca dos insumos com a paridade para mar/16 bastante elevada”, aponta o Imea.

Como destacam os analistas do Instituto, o atual cenário da soja mato-grossense para 2015/16 parece indicar altas receitas, mas os altos custos reduzem a margem de lucro, deixando a safra com um alto risco. “Assim, o produtor deve revisar seus gastos e aproveitar a alta nas cotações”.

O Imea ainda frisa que a disparada do dólar tem dois lados. Neste ano, o dólar tem sido o protagonista em várias ocasiões no que diz respeito ao agronegócio brasileiro. Em Mato Grosso, a alta cotação da taxa de câmbio não só vem compensando os baixos níveis de preço da soja em Chicago, mas também vem possibilitando margem de lucro na safra atual. “Para a safra 2015/16, ao analisar a paridade de exportação de mar/16, percebe-se que esta apresenta-se bem acima da paridade da safra 14/15 neste período. Apesar de o vetor principal ser o dólar, a expectativa de custo com o frete rodoviário menor em 2016 também pesa positivamente. Por outro lado, projetando o custo dos insumos da safra 15/16 com a média do dólar em março, os preços dos insumos aumentam consideravelmente, o que torna a relação de troca desta safra mais elevada. No atual cenário, apesar da alta taxa de câmbio impulsionar a paridade para patamares elevados, ainda assim, não está compensando o aumento sobre o custo dos insumos”.

 

Fonte: Agrolink

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