Alimentação escolar de São Paulo tem a primeira aquisição de fruta da agricultura familiar

 

Produtor rural da agricultura familiar fornece bananas para escolas de São Paulo. Foto: Ascom/MDA
Produtor rural da agricultura familiar fornece bananas para escolas de São Paulo. Foto: Ascom/MDA

Bananas produzidas pela agricultura familiar passam a fazer parte da alimentação escolar da grande São Paulo. Semanalmente, cerca de 25 toneladas da fruta são fornecidas por cinco empreendimentos familiares. As frutas fazem parte de dois milhões de refeições servidas em 674 escolas municipais de quatro Diretorias Regionais de Ensino: Butantã, Campo Limpo, Guaianases e São Mateus.

O contrato entre Prefeitura de São Paulo e agricultores familiares, no valor de R$ 1,6 milhão, beneficia 86 famílias de agricultores familiares. Ao todo, serão entregues, no decorrer deste ano, 512 toneladas de banana nanica e 194,6 toneladas de banana prata.

Essa é a primeira compra de produto in natura da agricultura familiar da região do Vale do Ribeira. De acordo com a diretora do Departamento de Alimentação Escolar da Secretaria Municipal de Educação, Erika Fischer, a dimensão de São Paulo torna necessário muita atenção à logística de distribuição de produtos in natura, exigindo que o fornecedor realize as entregas ponto a ponto, de forma rápida e efetiva.

“Para tanto, os esforços de agricultores familiares e da entidade executora são fundamentais para garantir a entrega do produto da melhor forma”, destaca Fischer.

Para Gilberto Ohta, coordenador de comercialização da Coopafasb – uma das cooperativas fornecedoras – o contrato só foi possível graças à união das cooperativas.

“A aliança entre cooperativas da agricultura familiar tem sido fundamental para superarmos dificuldades como a entrega de produtos, pois a soma de experiências possibilitou formarmos escalas para atendimento em todas as regionais”.

Ainda segundo Ohta, as cooperativas têm a preocupação com o ganho imediato para a sustentabilidade da produção e contratos como este é uma grande oportunidade de estabelecer capital de giro.

“Com este capital, temos como garantir o pagamento dos produtos, o que aumenta a confiança dos próprios agricultores familiares na organização. Estamos aproveitando as oportunidades proporcionadas pelas políticas públicas, para nos estruturar e inovar”, afirma Ohta.

Das cinco organizações que firmaram contrato, três são assistidas pelo Programa Mais Gestão do MDA. Para Mariana Carrara, coordenadora substituta de Cooperativismo do MDA, a atuação do Mais Gestão possibilitou a articulação entre a Secretaria de Educação de São Paulo, a Delegacia Federal do MDA, as entidades estaduais de Ater e as organizações da agricultura familiar, para a construção de uma estratégia de aproximação entre a oferta de produtos da agricultura familiar e a demanda da alimentação escolar.

“Essa articulação, com o objetivo de ampliar a comercialização, é um dos focos do programa que pretende, também, fortalecer a gestão das cooperativas participantes”, conclui Carrara.

De acordo com Ohta, as cooperativas de agricultores familiares do Vale do Ribeira têm aproveitado as oportunidades proporcionadas pelas políticas públicas para estruturar e inovar.

“Programas como o de Aquisição de Alimentos (PAA) e o de Alimentação Escolar (Pnae) salvaram as cooperativas. Agora é preciso melhorar a gestão das cooperativas e o Mais Gestão tem feito isso”, observa Ohta ao adiantar que, junto as outras cinco cooperativas, tem articulado a criação de uma Central de Cooperativas da Agricultura Familiar no Vale do Ribeira.

As organizações responsáveis pelo fornecimento de bananas são: Associação dos Bananicultores de Miracatu – ABAM, Cooperativa dos Produtores Rurais e da Agricultura Familiar do Município de Juquiá – COOPAFARGA, Cooperativa da Agricultura Familiar de Sete Barra – COOPAFASB, Cooperativa Agroecologia dos Agricultores Familiares do Vale do Ribeira e Litoral Sul – Família do Vale, e Cooperativa dos Bananicultores de Miracatu – COOBAM.

BALANÇO

No ano de 2014, foram firmados contratos com agricultores familiares para aquisição de 552 mil litros de suco de uva integral, 5 milhões de sachês de 200 ml de suco de laranja integral congelado, mil toneladas de arroz orgânico, 360 toneladas de arroz parboilizado, 520 toneladas de feijão carioca e 700 toneladas de banana.

Estão previstas, para até final de abril, a abertura de novas chamadas para a agricultura familiar para aquisição de arroz, feijão, farinha de mandioca, óleo de soja, iogurte e sucos integrais de laranja, de uva e de frutas cítricas in natura, num total de aproximadamente R$ 24 milhões em recursos para a agricultura familiar.

O PROGRAMA MAIS GESTÃO

O Programa Mais Gestão promove o fortalecimento de cooperativas da agricultura familiar por meio da qualificação de seus sistemas de gestão (organização, produção e comercialização).

O objetivo é qualificá-las e garantir o acesso a mercados, especialmente ao aberto pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae).

PNAE

O objetivo do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) é levar alimentos saudáveis para a merenda escolar dos alunos da rede pública e valorizar a produção regional sustentável.

Criado em 2009, a partir da Lei nº 11.947/2009, a política determina que no mínimo 30% dos recursos repassados pelo FNDE para alimentação escolar devem ser usados para a compra de produtos da agricultura familiar. Assentados da reforma agrária, indígenas e comunidades quilombolas têm prioridade no processo de seleção dos fornecedores.

Fonte: Ministério do Desenvolvimento Agrário

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