A reforma, recuperação ou renovação de pastagens degradadas é uma tarefa bem difícil para o produtor rural, principalmente do ponto de vista financeiro. Mas algumas ações em Rondônia têm servido de exemplo para o País e nem precisa ir muito longe, pois o maior aliado dos agricultores de lá tem sido um grão bem conhecido e o mais comercializado no Brasil: a soja.
“Rondônia tem mais de 70% das suas áreas de pastagem e algum grau de degradação. E o custo desta reforma, recuperação ou renovação é extremamente elevado. Dificilmente o pecuarista consegue viabilizar economicamente essa reforma. Hoje, a gente não consegue converter áreas naturais para produção de pastagem”, ressalta o pesquisador Vicente Godinho, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa Rondônia.
Ele destaca que aquelas áreas que têm condições de produzir culturas anuais, principalmente soja e arroz, seus proprietário vão conseguir ou produzir eles mesmos ou fazer parcerias com produtores de grãos e viabilizar sua produção, recuperando o solo e obtendo retorno econômico com a venda dos grãos.
“Posteriormente retornar com a pastagem com consequente aumento do número de animais por área e produção de pastagem em quantidade e qualidade.”
Por causa da sua liquidez, a soja tem preferência nesse processo de recuperação de áreas degradadas. “Ela tem muito mais mercado – não preço, e sim mercado – do que o arroz, por exemplo. Mas se tivesse mais dinheiro ou mais facilidade de comercialização, você poderia introduzir qualquer cultura anual também. Mas aqui, em Rondônia, exatamente pela logística de escoamento de exportação e essa liquidez que a soja proporciona é uma excelente opção.”
Godinho afirma ainda que “onde tiver um volume de soja, se consegue comercializar independente do tamanho do volume, que pode variar de uma saca até um milhão de sacas”.
COMPLEXIDADE
O pesquisador explica que a degradação de pastagens é um processo bastante complexo, que vai desde a compactação do solo, à presença de invasores e à retirada da fertilidade natural desses solos.
“Quando você entra com a cultura anual, você corrige mecanicamente esse solo, retirando os impedimentos físicos e também corrige quimicamente esse solo, pela adição de calcário e pela adição de fertilizantes.”
De acordo com Godinho, as principais vantagens – no caso, da soja – são exatamente essas correções físicas e químicas que você proporciona com a cultura anual. “Inclusive, posterior a essa cultura anual, pode-se introduzir a cultura de pastagem também, conseguindo uma pastagem de quantidade, qualidade e o aumento do número de animais por área.”
Para recuperar pastagens degradadas por meio do plantio de soja, Godinho garante que os agricultores têm tido acesso à tecnologia, por causa da escala de produção do grão.
“Para você ter escala, tem de ter tecnologia. A tecnologia genética é acessível a todos eles e a Embrapa é referência em genética para a soja. Quando o pessoal pensa em tecnologia de plantio, o produtor também tem acesso a isso exatamente em função de escala de produção.”
Segundo Godinho, os produtores têm de cada vez mais dar mais escala para viabilizar a atividade. “Hoje, a tecnologia utilizada pelos produtores de Rondônia para a soja não deixa a desejar quando comparada a qualquer outro Estado ou país produtor.”
Por equipe SNA/RJ