Chuvas irregulares provocam perdas generalizadas

A irregularidade na distribuição de chuvas e também de temperaturas extremas em grande parte do País tem causado prejuízos na agricultura nos últimos meses. A região Nordeste, por exemplo, teve um déficit hídrico no mês de janeiro que superou 200 mm no oeste da Bahia, no sul, oeste e norte do Piauí e em boa parte do Maranhão. Já o Sudeste foi a região mais afetada pela irregularidade no regime de chuvas, com perdas significativas em praticamente todas as culturas.

Tudo isso aconteceu por causa de três fatores importantes. O primeiro deles é a temperatura dos oceanos extratropicais, que ficam abaixo das linhas dos trópicos, e que gera aquecimento no Oceano Índico e interfere em várias partes do globo. “Com a perturbação deste aquecimento nas ondas atmosféricas, os sistemas meteorológicos responsáveis por grandes chuvas no Brasil sofrem um enfraquecimento”, explica o agrometeorologista Marco Antonio dos Santos, da Somar Meteorologia.

Os ventos em altitude, que estão mais fortes que o normal, também contribuem para as irregularidades, e favorecem a formação de bloqueios atmosféricos. E o sistema meteorológico, chamado Oscilação Interdecadal do Pacífico, diminui a chuva do Brasil central quando está em uma fase negativa, como atualmente.

Previsão do tempo para produção agrícola

Para os próximos três meses, a previsão indica chuva abaixo da média para maior parte das regiões Centro-Oeste e Nordeste, e próxima do esperado no Norte, Sudeste e Sul, mas isso não significa que toda a região receberá chuvas da mesma forma. Além disso, as temperaturas deverão se manter acima da média.

“Fevereiro será marcado pelo retorno das chuvas em todas as regiões do País, até mesmo em locais onde a forte estiagem de janeiro causou prejuízos irreversíveis à produção agrícola”, comenta Santos.

No Nordeste, as chuvas ficarão dentro do esperado, principalmente a partir da segunda quinzena do mês, já que as chuvas geradas pela Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) migrarão pela costa. As temperaturas ficarão acima da média no interior da região e abaixo da média na costa leste, tudo porque a temperatura da água do mar está mais fria há alguns meses.

Para a região Centro-Oeste, o retorno das chuvas em fevereiro trará alívio para os produtores de soja, e como não são observados períodos de invernada, a colheita de soja e, consequentemente, o plantio do milho 2ª safra ocorrerá dentro da normalidade. Entre a última semana do mês e início de março pode ter um período mais chuvoso, que inviabilizará essas atividades.

A tendência para a região Sudeste é de que os níveis de umidade do solo se elevem gradativamente possibilitando melhora nas condições ao desenvolvimento das lavouras, e com isso, os produtores retomarão suas atividades, como adubação, plantio e colheita. Já na região Sul, as chuvas ficarão mais espaçadas e abaixo da média, e com isso, os produtores realizarão tratos culturais e também a colheita do milho 1ª safra.

Tempo favorece milho 2ª safra, algodão, hortaliças e pastagem em março

Para março, a previsão é de chuvas acima da média no Centro-Oeste, Nordeste e norte de Minas Gerais. Em São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo, as chuvas ficarão dentro do esperado para o mês, com possibilidade de novos períodos de precipitação irregular e temperaturas bem acima do normal em São Paulo. “As chuvas retornam ao Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, com possibilidades de invernada na primeira quinzena do mês, prejudicando a colheita de soja e causando até perdas regionalizadas”, disse o agrometeorologista.

As condições são favoráveis para o milho 2ª safra, como também para culturas de algodão, hortaliças e pastagem. Já para o café e cana de açúcar em São Paulo, há possibilidade de redução nos volumes de chuva, que podem trazer novas perdas.

 

Fonte: Somar Metereologia

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