Os números mundiais de produção de grãos são muito bons para repor o deficit de alimentos dos últimos anos, mas são uma notícia ruim para os produtores, que, seguramente, vão ter de vender a safra por valores menores.
O clima favorece o plantio nesta reta final de semeadura, e a safra brasileira deverá atingir o recorde de 202 milhões de toneladas em 2015, segundo apontou na quarta (10) a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).
Nos EUA, um dos principais produtores mundiais de grãos, a esperada geada não veio no final de safra e os produtores norte-americanos estão levando um volume recorde de grãos para os armazéns.
A Europa, castigada por secas nos anos recentes, recuperou-se e os 28 países que compõem a União Europeia vão produzir 318 milhões de toneladas de grãos, 6% mais do que na safra anterior.
Além disso, a safra de grãos destinados à produção de óleos sobe para 34,3 milhões de toneladas neste ano, 13% mais que no anterior, segundo a Copa-Cogeca, que engloba cooperativas e produtores.
A China, um dos principais importadores de alimentos no mundo, também teve elevação da produção de grãos. Segundo dados do governo, a safra foi a 607 milhões de toneladas neste ano, 1% mais que a registrada no anterior.
Diante de números tão bons, a consequência é uma reposição da oferta de alimentos e queda de preços pagos aos produtores.
O USDA (Departamento de Agricultura dos EUA) confirmou nesta quarta (10) um recorde de produção de grãos no país. A safra de soja vai render 107,7 milhões de toneladas em 2014/15, com avanço de 18% sobre a anterior.
Já a de milho sobe para 366 milhões de toneladas, com aumento de 3%. Os dados mundiais indicam que a produção de soja em 2014/15 avança para 313 milhões de toneladas, 10% mais. A de milho tem leve crescimento, subindo para 992 milhões de toneladas, aponta o USDA.
Diante dessa oferta abundante de grãos, alguns países, principalmente a China, devem elevar as compras.
Os analistas da AgRural destacam que os novos dados dos EUA não apresentam novidades no volume a ser produzido, mas indicam um crescimento das exportações, principalmente das de soja.
Com a produção recorde, e mesmo tendo um volume maior de exportação, os EUA vão ter estoques para 41 dias de consumo de soja, acima dos 10 dias da safra anterior.
Diante desses números, analistas do Rabobank afirma que as margens de ganho serão menores para diversas commodities no próximo ano. Mas os preços menores poderão encorajar o consumo. Se isso ocorrer, haverá um suporte aos preços.
Algumas incertezas que os analistas do Rabobank colocam para 2015 são o fortalecimento do dólar, as dúvidas sobre o crescimento chinês, a menor demanda no setor de biocombustível e a fraqueza no preço do petróleo.
Já analistas do Itaú destacam o comportamento diverso das commodities. Soja, algodão e açúcar recuaram em novembro, mas milho e trigo subiram.
O Índice de Commodities Itaú acumula queda de 25,8% neste ano, pressionado pelos recuos dos preços do petróleo e do minério. Já o segmento agrícola do índice tem queda de 7,8% no período.
Fonte: Folha de S.Paulo