A empresa de infraestrutura e energia Cosan projeta preços mais elevados para o açúcar em 2015, devido a uma menor oferta no mercado mundial, especialmente pelo gargalo na produção do Brasil, principal fornecedor global do produto, disse nesta quinta-feira o principal executivo da companhia.
“Houve uma migração de sacarose de etanol para açúcar nesses últimos anos que fez com que o mercado de açúcar ficasse abastecido mesmo sem investimentos para crescimento do setor no Brasil. Mas a gente vê para o ano que vem melhores preços”, disse o diretor-presidente da Cosan, Marcos Lutz, em uma conferência com jornalistas.
O primeiro contrato do açúcar bruto na bolsa de Nova York atingiu em setembro o menor patamar em mais de cinco anos, devido a uma ampla oferta internacional.
De olho em melhores oportunidades de comercialização em 2015, a empresa decidiu carregar estoques de açúcar produzido ao longo de 2014.
Em 30 de setembro, a companhia mantinha 1,58 milhão de toneladas do produto em estoque, volume 45 por cento superior a um ano antes, segundo dados divulgados na véspera.
“Não foi uma estratégia de especular em eventual variação de preço de entressafra. Valia mais a pena pagar o custo de carregar o produto em estoque mais alguns meses”, disse Lutz.
Praticamente todo esse volume já está com preços definidos, disse o executivo.
“A gente tem fixações para o ano que vem já com valor melhor”, afirmou.
O preço fixado para o açúcar em estoque é de 42,74 reais por saca de 50 kg, após a conversão do preço internacional e do câmbio.
Por volta das 12h, a ação da Cosan era negociada em queda de 2,8 por cento, enquanto o Ibovespa caía 1,6 por cento no mesmo horário.
FIXAÇÕES MAIS ALTAS
Para o açúcar a ser produzido na safra 2015/16, que começa oficialmente em abril, os valores são maiores, revelou Lutz.
Cerca de 18 por cento da produção da próxima temporada já tem preços fixados, em média de 46,30 reais por saca.
A perspectiva de melhores negócios ocorre depois de a companhia registrar perdas na receita líquida da Raízen Energia, sua divisão de açúcar e etanol, no terceiro trimestre.
“A receita líquida também foi impactada pela redução de 6,5 por cento no preço médio do açúcar, que saiu de 988 reais por tonelada no terceiro trimestre de 2013 para 924 reais por tonelada no terceiro trimestre de 2014”, disse a Cosan em seu relatório de resultados, divulgado na noite de quarta-feira.
O lucro líquido da companhia como um todo recuou 92,6 por cento no terceiro trimestre na comparação anual, para 15,2 milhões de reais, com aumento de despesas financeiras e queda no lucro operacional.
Fonte: Reuters