Atender à demanda mundial por alimentos de maneira sustentável não é uma tarefa fácil para o agronegócio brasileiro, mas a pecuária tem dado sinais de que está se adaptando a essa nova realidade. Mas para continuar se fortalecendo é necessário utilizar sistemas integrados e adotar novas tecnologias na atividade agropecuária. É o que aponta o pesquisador Bruno Pedreira, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Agrossilvipastoril.
“A pecuária brasileira cresce a cada dia, assim como a necessidade do produtor de se profissionalizar e buscar tecnologias que auxiliem na busca por rentabilidade, sem negligenciar a sustentabilidade. Traduzindo: devemos buscar produzir mais, gastando menos, com tecnologias que possibilitem longevidade produtiva aos sistemas pecuários que normalmente são passados por gerações nas famílias de pecuaristas.”
Em sua opinião, o produtor de carne e de leite deve dar mais importância à qualidade das pastagens, pois “não basta jogar a semente e esperar o capim crescer”. Por isso, é fundamental para alcançar êxito tratar a planta forrageira como uma lavoura.
“Uma forragem de boa qualidade é alcançada quando se utiliza de plantas forrageiras melhoradas, em solo corrigido e adubado e, o mais importante, colhida no momento adequado. O manejo do pastejo é a ferramenta que mais tem potencial de impacto na qualidade da forragem, depois que os requisitos mínimos já foram atingidos”, explica.
“O produtor, como bom manejador, deve identificar o momento adequado de entrada e saída dos animais do pasto, pois com isso é possível equilibrar o balanço entre produção e qualidade de forragem, explorando-as ao máximo. Se o produtor deixa o capim crescer muito, ele ganha em produção, no entanto com mais acréscimos em colmos do que em folha, o que reduz a qualidade da forragem ofertada ao animal.”
Além da qualidade das pastagens, Pedreira aponta o manejo, o melhoramento genético, a redução das emissões de gases de efeito estufa e a arborização dos pastos como outros tópicos a serem tratados com a devida atenção.
“Todos estes pontos são de suma importância para a pecuária brasileira, pois juntos permitem melhorias na eficiência da produção pecuária. Isso significa que com bom manejo, planta e animal melhorados e pastagens arborizadas, aumenta-se o potencial e a velocidade de produção de carne por hectare, reduzindo a emissão de metano entérico. Com a utilização dessas ferramentas caminha-se para a apresentação de uma pecuária promissora em larga escala no Brasil, pois, hoje, isso já acontece em algumas fazendas.”
ESTRATÉGIA
No entendimento do pesquisador da Embrapa, é necessário que a pecuária seja inserida em um sistema de produção e seja trabalhada de maneira estratégica. Ele cita que a utilização dos sistemas integrados, seja ele agropastoril, agrossilvipastoril ou
Silvipastoril é uma estratégia para recuperar pastagens degradadas, mas também é a melhor forma existente de conservação e aumento da matéria orgânica no solo, redução das emissões de gases de efeito estufa, melhoria do conforto térmico para os animais e aumento das fontes de renda para o pecuarista.
Para tanto, Pedreira aponta que os sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (iLPF) são as principais alternativas para problemas como a síndrome da morte da braquiária, por exemplo, considerando que a diversidade de componentes pode contribuir para melhorar a permeabilidade dos solos.
“A integração lavoura-pecuária-floresta tem como objetivo a mudança do sistema de uso da terra e apresenta quatro características: produtividade, definida pela quantidade de produtos obtidos por unidade de insumos/recursos inseridos nos sistemas; estabilidade/resiliência, que é a constância da produtividade frente às pequenas mudanças provenientes de flutuações normais e cíclicas de meio ambiente; sustentabilidade, que é a habilidade de um sistema em manter a produtividade frente a forças da natureza; e por fim, uniformidade, que representa a regularidade da distribuição da produtividade ao longo do tempo. Tudo isso junto permite que o produtor tenha o seu negócio diversificado e fique menos suscetível às interferências de mercado e do clima.”
Por equipe SNA/RJ