Em um cenário de alta de preços no mercado de bovinos, a arroba à vista atingiu o recorde de R$ 128 e a ampla oferta de milho reduziu os custos de produção, combinação de fatores que dão sustentação para as expectativas positivas no gado de confinamento.
A alimentação animal responde por cerca de 25% dos custos do animal confinado. Em contrapartida, o principal entrave do setor ainda é o alto custo com gado para reposição. Na avaliação do analista da Scot Consultoria, Alex Lopes, só este boi magro representa 70% do desembolso do pecuarista.
“O primeiro semestre veio muito bom. Já em março, em meio à safra, o mercado futuro chegou a precificar em torno de R$ 126 por arroba, uma situação anormal para o período. Isto fez com que muitos criadores adiantassem o envio do animal para engorda”, explica o especialista.
Com a entrada de animais no pasto, o mês de julho sazonalmente tem oferta reduzida para o confinamento, porém, segundo Lopes, agosto registrou correções no mercado e as expectativas para setembro e outubro são positivas.
“O mercado está aquecido, os valores do boi gordo estão altos, a rentabilidade do produtor que está confinando é real e o custo de produção está mais baixo do que nos anos anteriores. É claro que a reposição está pegando mais pesado esse ano, mas as margens [de preço] estão proporcionalmente altas”, diz o gerente executivo da Associação Nacional dos Confinadores (Assocon), Bruno de Jesus.
Especulações do mercado já projetam a arroba ao teto de R$ 130. “Agora temos que observar se o mercado vai ter força suficiente para romper esta margem. A possibilidade existe, mas mesmo assim, o preço de R$ 130 já remunera a atividade, considerando até os custos altos”, completa Lopes.
Sobre os custos de produção com alimento, Jesus conta que “a relação de troca entre o milho e o boi gordo está muito boa”. Os valores variam de acordo com a região, mas, segundo pesquisas internas da associação, eles vão de R$ 85 a R$ 115 por arroba engordada. “E a rentabilidade do produtor varia entre R$ 150 e R$ 200”.
BOI GORDO
Com o bom desempenho das exportações de carne e a valorização dos bezerros, a arroba do boi gordo deve seguir em alta no segundo semestre deste ano. A análise está no boletim “Custos e Preços”, elaborado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
A expectativa é de que a oferta de animais para abate continue restrita e as vendas externas continuem crescendo nos próximos meses, provocando elevação dos preços da carne no mercado interno.
“Os frigoríficos têm trabalhado com escalas reduzidas, já que a disponibilidade de animais prontos para abate é pequena frente à demanda aquecida, principalmente do mercado externo”, explica o estudo da CNA.
De janeiro a julho, os embarques de carne, industrializada e in natura, para o exterior somaram, em volume, 1,28 milhão de toneladas, 11% a mais do que no ano passado. Segundo o boletim, a tendência é de crescimento das exportações de carne. Um dos fatores que podem contribuir é o possível aumento de importações russas de produtos do Brasil, diante dos embargos econômicos em razão da crise política na Ucrânia.
De acordo com a avaliação, o mercado interno já sente os efeitos do cenário externo. Em São Paulo, a arroba do boi em agosto teve alta de 4,2% em relação a julho, cotada a R$ 122,19. Na comparação com agosto de 2013, a elevação foi de 22%.
Em Goiás, o preço da arroba, no mês passado, foi de R$ 113, 53, aumento de 2,3% frente a julho e de 24,6% em relação a agosto do ano passado.
Fonte: DCI