Custos da seca na Tietê-Paraná chegam a R$ 700 milhões

tiete parana hidrovia
Hidrovia Tietê-Paraná: embarcadores estão completamente parados

 

A seca no Sudeste do país levou empresas que fazem o transporte de grãos na hidrovia Tietê-Paraná, que há meses está com sua navegabilidade comprometida, a demitirem pelo menos 700 funcionários nas últimas semanas, entre armadores e tripulação das embarcações. Somados os empregos indiretos relacionados ao escoamento de produtos como soja em grão, farelo de soja, milho e celulose, as demissões chegam a mil pessoas, segundo o presidente do Sindicato dos Armadores de Navegação Fluvial do Estado de São Paulo, Luiz Fernando Horta de Siqueira.

Estima-se que as perdas das companhias que operam na hidrovia, incluindo os custos da mudança para o modal rodoviário, cheguem a cerca de R$ 700 milhões. Desde 30 de maio, os embarcadores estão completamente parados e, antes disso, já estavam com as operações limitadas devido ao baixo calado do rio.

A Caramuru, principal usuária da hidrovia no transporte de farelo – e com movimento expressivo de soja em grão e milho -, preferiu não se manifestar sobre as demissões, ainda que tenha sido responsável por boa parte delas, conforme o sindicato. ADM, Louis Dreyfus, empresas menores e prestadores de serviços também fizeram demissões. Ligadas à ADM, foram 48 pessoas, conforme informações da própria empresa.

O calado normal da hidrovia é de 2,7 metros no trecho menos profundo, mas hoje essa profundidade não passa de 1 metro perto da eclusa de Nova Avanhandava, em Buritama (SP), o que impede a navegação. “Esse trecho tem cerca de dez quilômetros. É pouco, mas impede os trabalhos desde Itumbiara, no sul de Goiás”, afirma Siqueira. A hidrovia Tietê-Paraná tem 2,4 mil quilômetros de extensão e interliga os Estados de Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná.

Em Pederneiras (SP), onde os grãos chegam pelo rio para depois serem transportados de caminhão até o porto de Santos, a navegação é possível, mas atualmente apenas barcos de turismo trabalham. “A receita é zero para os armadores do rio. Para os embarcadores de grãos, os prejuízos ainda estão sendo calculados”, diz Siqueira. “Perdemos o ano. Não transportamos nem 1 milhão de toneladas de grãos, quando prevíamos 6 milhões”. Em lugar das barcaças, os produtos estão sendo transportados em caminhões, o que é mais caro. Um comboio de soja na hidrovia transporta um volume equivalente ao de 160 caminhões.

A conta, grosso modo, é de um aumento nos custos entre 20% e 30% com a mudança do modal, a depender do volume a ser transportado e da relação comercial entre as empresas. Segundo Siqueira, o frete rodoviário entre Sorriso (MT) e o porto de Santos custa R$ 250 atualmente.

Se usada a Tietê-Paraná de São Simão (GO) a Pederneiras (SP), o custo cai para R$ 180 no total. Isso levando em consideração o trecho rodoviário de Sorriso a São Simão, o transbordo na eclusa, o uso da hidrovia, outro transbordo em Pederneiras e, por fim, a rodovia até Santos.

 

Fonte: Valor Econômico

 

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp