Cooperativas querem reajuste sobre Plano Safra 2014/2015

Insatisfeitos com parte dos recursos oferecidos pelo Plano Agrícola e Pecuário (PAP) para a safra 2014/2015, representantes da Frente Parlamentar e das cooperativas negociam um possível reajuste nos aportes. No Programa de Desenvolvimento Cooperativo para Agregação de Valor à Produção Agropecuária (Prodecoop), por exemplo, a ideia é dobrar o valor ofertado.

O aumento de um ponto percentual no Programa de Capitalização de Cooperativas Agropecuárias (Procap-Agro) e a redução de R$ 750 milhões no crédito disponível ao Prodecoop, no comparativo anual, são as principais preocupações do setor.

O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado federal Luís Carlos Heinze (PP-RS), disse ao DCI que “a OCB [Organização das Cooperativas Brasileiras] e a Ocepar [Organização das Cooperativas do Paraná] estão em parceria com o parlamento para que os recursos do Prodecoop sejam corrigidos e cheguem a R$ 2,5 bilhões”.

Na safra 2013/2014, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) disponibilizou R$ 2 bilhões ao programa. Para o próximo período, o aporte ficou em R$ 1,25 bilhão.

“As cooperativas acessam esses recursos com o objetivo de dar suporte aos seus investimentos. Essa redução vai comprometer o planejamento estratégico do setor em âmbito nacional, especialmente as ações voltadas à transformação de produtos primários em itens de maior valor agregado. Somente no Paraná, a demanda por recursos para investimentos somam mais de R$ 3 bilhões, sendo R$ 2 bilhões do Prodecoop e mais de R$ 1 bilhão do Programa para Construção e Ampliação de Armazéns”, afirma o presidente da Ocepar, João Paulo Koslovski.

As cooperativas paranaenses planejaram investir R$ 3,19 bilhões entre 2014 e 2015, uma alta de 45% em relação ao período anterior, quando o setor destinou R$ 2,1 bilhões em áreas como agroindústria, armazenagem, infraestrutura e logística.

“No último ano safra a taxa de juros era de 6,5%. Agora subiu para 7,5%. Embora tenha sido menor do que a Selic, esse percentual pode gerar uma pequena inflação dentro do setor, elevando os custos de produção e diminuindo a rentabilidade dos produtores”, analisa o presidente do Sistema OCB, Márcio Freitas.

Em contrapartida, o ministro da Agricultura, Neri Geller, que participou de seminário com cooperativas de crédito que formam o Banco Sicoob ontem (5) disse que “o setor está com renda porque a taxa de juros está baixa. Nunca aconteceu isso. Há 12 anos a taxa de juros era de 8,75% a 14%. É extraordinário do ponto de vista de quem precisa comprar equipamento ou financiar o custeio”. Para o gerente técnico e econômico da Ocepar, Flávio Turra, de acordo com o andamento das negociações, existe a possibilidade de um reajuste que seria feito pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

“Já conversamos com o ministério e agora eles vão levar isso à Fazenda, está nas mãos deles [governo]. Até o final do mês é possível que já haja uma resposta”, completa Heinze.

PONTOS POSITIVOS

O diretor-presidente da Cooperativa dos Cafeicultores e Citricultores de São Paulo (Coopercitrus), José Vicente da Silva, afirma que a entidade tem sido “muito bem atendida” pelos recursos de crédito governamentais.

“A Coopercitrus utiliza em torno de R$ 600 milhões de crédito rural por ano e não tem tido problemas com as condições para conseguir esses aportes. Para 2014 devemos superar R$ 700 milhões devido a um incremento de 20% no fornecimento de insumos aos cooperados”, diz Silva.

Apesar dos entraves, a OCB destaca o aumento do limite de crédito por beneficiário do Procap-Agro, na modalidade Capital de Giro de R$ 50 milhões para R$ 60 milhões, como um dos principais pontos positivos do PAP 2014/2015. “Até aqui o setor comemora”, completa Freitas.

Fonte: DCI

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