A coordenadora do Centro de Inteligência em Orgânicos da Sociedade Nacional de Agricultura, Sylvia Wachsner, disse esta semana que o Cadastro Nacional dos Produtores Orgânicos, elaborado pelo Ministério da Agricultura, precisa ser melhorado para que forneça informações mais completas do setor.
Segundo ela, não existem dados sobre tipos de produtos e seus volumes produzidos.
“São inúmeras as variedades. As autoridades deveriam começar a obter dados mais detalhados das principais culturas, como frutas, grãos, hortigranjeiros, cereais, etc.” , declarou a coordenadora.
Por outro lado, observou Sylvia, ainda há uma carência de dados oficiais relativos à exportação de orgânicos.
“As informações que o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior divulgava pararam no tempo e já não estão mais disponíveis. A falta de dados oficiais estimula a circulação de todo tipo de ‘achismos’ e previsões que resultam em obstáculo para novos investimentos, impedindo a obtenção da verdadeira dimensão do mercado”, assinalou.
Crescimento
No final de 2012, segundo dados do Ministério da Agricultura, o Brasil contava com cerca de 5,5 mil produtores agrícolas que trabalhavam segundo as diretrizes dos sistemas orgânicos de produção. Em 2013, foram 6.719 produtores – 42% localizados nas regiões Norte e Nordeste – e 10.064 unidades de produção orgânica em todo o país.
De acordo com a coordenadora do CI Orgânicos, estima-se um crescimento anual do setor em 20%. E a expansão desse mercado, segundo Sylvia, é bastante visível.
“As feiras continuam a surgir nos diversos municípios do país e as prateleiras do varejo que oferecem orgânicos se multiplicam. Outro fator importante é a merenda escolar. Com o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), as prefeituras pagam a margem de 30% a mais pela compra de orgânicos. Temos contato com diversas cooperativas de agricultores familiares satisfeitas com os alimentos orgânicos que comercializam”, enfatizou.
Gargalos
Apesar dos avanços, na opinião da especialista, ainda existem muitos obstáculos a serem superados.
“As agroindústrias se queixam que a quebra de fornecimento de certos ingredientes muitas vezes impede a produção de alguns alimentos. Nossa produção de laticínios, sobretudo de leite, está começando. Falta milho orgânico, assim como rações para a alimentação animal, o que dificulta que sejamos um produtor de mediano porte de carne ou avicultura orgânica”.
Além disso, Sylvia Wachsner chamou a atenção para a carência de veterinários capacitados e de extensionistas na produção animal. E acrescentou: “Necessitamos de pesquisa para produzir sementes orgânicas de qualidade, incrementar os insumos disponíveis que alavanquem a produção. Não contamos com equipamentos apropriados a pequenos agricultores, que lançam mão de suas próprias adaptações. Soma-se às limitações descritas o problema da produção sazonal, que é concebida de forma mais rudimentar”.
Por Equipe SNA/RJ