O MERCOSUL poderá aumentar a oferta global de soja em cerca de 32 milhões de toneladas no ciclo 2023/24, segundo o boletim da consultoria Céleres sobre as perspectivas para o bloco. O aumento da oferta poderá se refletir negativamente na formação dos preços da oleaginosa em dólar.
“A definição dos patamares de preços no início de 2024 dependerá do desenvolvimento da safra na América do Sul e o mercado mundial olhará a região como um todo”, indicou a consultoria. Mesmo com uma eventual quebra produtiva no Brasil, os preços de referência nas bolsas de futuros poderão não reagir de forma intensa, “ficando a cargo dos prêmios e dólar variações positivas relevantes para o mercado interno no início de 2024”.
Segundo a Céleres, a safra 2022/23 registrou graves perdas de produtividade e área plantada na Argentina, o que deu suporte para os altos preços internacionais até meados de março de 2023. Já nesta safra, os recentes problemas climáticos nos Estados Unidos levaram à discussão sobre uma possível retomada de preços, mas “a conjuntura global de oferta no MERCOSUL mostra ser improvável”, indica o texto.
Em relação ao Brasil, a Céleres indica que “a redução da oferta nacional teria de ser relevante para compensar o aumento produtivo no restante da região e influenciar de forma relevante os preços globais”.
Para o ciclo 2023/24 o bloco deve ter uma oferta de 245.2 milhões de toneladas (produção e estoque), o que representa um aumento de 14,79% em relação à safra anterior, que foi de 213.6 milhões de toneladas, quando a participação do bloco na produção mundial era de 53%. Agora, segundo a consultoria, o MERCOSUL pode representar oferta de 58% de toda a soja do mundo.
O bloco também responde por cerca de 63,10% de toda exportação do grão. A expectativa, segundo a Céleres, é de que essa participação continue a aumentar graças ao crescimento médio de cerca de 6,30% da produção do Brasil nos últimos 23 anos.
A produção do bloco será de 232.4 milhões de toneladas nesta safra. Em 2022/23 a produção do MERCOSUL foi de 194,8 milhões de toneladas. A safra 2023/24 deverá demandar 228.7 milhões de toneladas. Em 2022/23, o bloco demandou 204.6 milhões de toneladas. Já a área plantada deve ser de 69 milhões de hectares, enquanto em 2022/23 foi de 66.7 milhões de hectares.
A Céleres indica que a conjuntura de preços e margens ainda garantem um aumento na área plantada no Brasil, da ordem de 1.2 milhão de hectares em 2023/24. “Em condições normais de produtividade, haveria uma oferta de 8 milhões de hectares a mais no próximo ano”, informou o boletim.
O fenômeno climático El Niño favorece o regime de chuvas na porção Sul da América Sul. Isso deve levar países como Argentina, Paraguai e Uruguai, além da região Sul do Brasil, a terem produtividades otimistas. Na Argentina, entretanto, o aumento de área será mais contido, mas a Céleres informa que a recuperação de produtividade pode levar a uma oferta de 50 milhões de hectares em relação à safra anterior, um aumento de 26 milhões de hectares.