Após cinco anos seguidos de balanço apertado entre a oferta e a demanda de açúcar – com resultados deficitários ou em equilíbrio –, a estimativa da BP Bunge Bioenergia é de que haja um saldo negativo de 4,2 milhões de toneladas no ciclo global 2023/24 (outubro a setembro).
“Os estoques globais vêm diminuindo nos últimos anos e a expectativa para 2023/24 é de que eles cheguem ao nível mais baixo da base estoque-uso desde a safra 2011/12. O cenário geral é relativamente apertado para o açúcar”, afirma a gerente sênior de inteligência de mercado da companhia, Luciana Torrezan.
O cenário reflete, ainda conforme Torrezan, uma redução da produção global de 1,9 milhão de toneladas e um crescimento do consumo em 2,7 milhões de toneladas, seguindo uma taxa de aumento de 1,5% ao ano.
Torrezan ressalta que, na safra 2023/24, o consumo global está atingindo o maior nível de produção já visto, ultrapassando a safra 2017/18, de 182 milhões de toneladas. “Daqui em diante, de onde vem a produção de açúcar? Se somarmos todas as máximas produções globais dos países produtores, chegamos em 210 milhões e daria para atender esse crescimento de consumo de forma fácil, mas a probabilidade de isso acontecer, com todos os países maximizando a produção no mesmo ano, é pequena”, enxerga.
Já o chefe de açúcar para as Américas na hEDGEpoint, Murilo de Mello, explica que a consultoria espera um pequeno superávit de produção no curto prazo, o que vem acontecendo desde maio, com o início da safra brasileira. Mas, a partir da virada do ano, a expectativa é de um déficit “bastante substancial”, chegando a 4,1 milhões de toneladas no ciclo 2023/24.
Por sua vez, o saldo estimado pela FG/A para a temporada é negativo em 1,4 milhão de toneladas. “Considerando que estamos em uma situação de pequeno déficit e pouco estoque para uso, mesmo que o Brasil oferte um volume adicional. Além de União Europeia e outros países, temos Índia e Tailândia [produzindo menos]”, explica o sócio da consultoria, Willian Hernandes.
A FG/A ainda calcula o aumento necessário da produção para que o mercado volte a ficar mais equilibrado, com em torno de 53% de estoque para uso. “Precisamos de 8 milhões de toneladas em dois anos. Com muita dificuldade entrariam novas fábricas de açúcar [em operação] em 2024 e, portanto, estamos falando de 2025. De onde vai vir mais cana e qual seria o risco de não ter toda essa matéria-prima disponível? Não vemos espaço para ter superávit confortável de açúcar a curto prazo”, enxerga.