O crescimento da liderança feminina no agro

Na opinião do professor Marcos Fava Neves, para o Brasil continuar sua jornada como fornecedor mundial sustentável de alimentos, bioenergia e outros agro produtos, será preciso promover inovação em diversos setores. Nesse sentido, existem muitas oportunidades para as mulheres, seja em laboratórios, startups, na comunicação, na área jurídica, entre tantas outras que prometem muito crescimento nas próximas décadas, na esteira do crescimento projetado para o agronegócio.

De acordo com o último Censo Agropecuário, o IBGE identificou 947 mil mulheres responsáveis pela gestão de propriedades rurais, de um universo de 5,07 milhões. A maioria está na região Nordeste (57%), seguida pelo Sudeste (14%), Norte (12%), Sul (11%) e Centro-Oeste, que concentra apenas 6% do universo de mulheres dirigentes. Os dados foram obtidos a partir de um trabalho conjunto entre o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a Embrapa e o IBGE, no âmbito de um Termo de Compromisso assinado entre as três instituições por intermédio do Programa Agro Mais Mulher.

De acordo com a pesquisa, juntas, elas administram cerca de 30 milhões de hectares, o que corresponde apenas a 8,5% da área total ocupada pelos estabelecimentos rurais no país.

Do total geral de estabelecimentos identificados (5,07 milhões), as mulheres são proprietárias de apenas 19%, enquanto os homens detêm 81%. Com relação às atividades econômicas desempenhadas nas propriedades, há uma diferença entre mulheres proprietárias e não proprietárias.

Entre as proprietárias, 50% das atividades econômicas estão relacionadas à pecuária e criação de outros animais; 32% à produção de lavouras temporárias e 11% à produção de lavouras permanentes. Entre as não proprietárias (produtoras sem área; concessionárias ou assentadas aguardando titulação definitiva; ocupantes; comandatárias; parceiras ou arrendatárias), 42% das atividades econômicas estão relacionadas à produção de lavouras temporárias; 39% à pecuária e criação de outros animais e 7% à produção de lavouras permanentes.

As demais se encontram distribuídas entre produção florestal (florestas nativas e florestas plantadas), horticultura e floricultura, aquicultura, pesca e produção de sementes e mudas certificadas.

Outros dados também foram identificados referentes às mulheres, entre eles, a porcentagem de estabelecimentos dirigidos por mulheres no total de estabelecimentos com recursos hídricos e irrigação. Em áreas onde foram construídas cisternas, em um total de 1 milhão, 23,9% são estabelecimentos dirigidos por mulheres; enquanto que em áreas onde foram identificados 1,3 milhão de propriedades com poços convencionais, 16,4% têm mulheres na gestão; 12,4% ocupam áreas com nascentes protegidas por matas de um total de 1,3 milhão de estabelecimentos; e 13,7% com rios ou riachos protegidos por matas de um total de 1,7 milhão de propriedades rurais.

Além disso, os estudos apontaram também que apenas 9,6% das mulheres obtêm informações técnicas através de reuniões técnicas ou seminários, enquanto entre os homens, a porcentagem é de 14,3%. No que se refere à participação em atividades associativas, como cooperativas, apenas 5,3% são cooperadas, enquanto 12,8% dos homens participam de algum tipo de associação.

Marcelo Sá
Equipe SNA
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