Em julho deste ano, foi lançado o projeto Setorial de Promoção das Exportações de Farelo de Milho DDG/DDGS 2023-2025, uma parceria entre a ApexBrasil e a Unem para promover no mercado internacional o farelo de milho (DDG/DDGS), produto de nutrição animal resultado da produção de etanol de milho cultivado na segunda safra. O projeto faz parte de uma estratégia do Brasil de promover o etanol como alternativa energética, de agregação de valor às exportações do agronegócio e aumentar a oferta de farelo de milho para produção de proteína animal.
Geração de receitas
A exportação do farelo de milho brasileiro representa, portanto, uma oportunidade para gerar mais receitas, desenvolvimento de tecnologia e atração de capital externo. A vinculação do farelo ao preço internacional do grão de milho, o que não acontece com o etanol, também favorece a manutenção da produção, caso haja queda no consumo global de combustíveis, como ocorreu na pandemia. O DDG/DDGS pode assumir cerca de 20% a 25% do faturamento da indústria de etanol, garantindo a sustentabilidade do negócio, sendo que a cadeia do etanol, farelo e óleo de milho, pode gerar um valor agregado de cerca de 60% maior do que o grão cru.
Política de descarbonização
De acordo com o presidente executivo da União Nacional de Etanol de Milho (Unem), Guilherme Nolasco, mais importante do que o volume a ser adicionado no mercado, estimado em 1,3 billhão de litros de etanol, é a mensagem que o Brasil manda para o mundo com relação à política de descarbonização, construindo uma imagem positiva. “Além disso, traz credibilidade aos investidores, reforçando que o etanol é uma política de Estado dentro da pauta da transição energética”.
O aumento do percentual de etanol anidro na gasolina C (produto entregue ao consumidor final), segundo Nolasco, representa uma política pública de incentivo à utilização de combustíveis sustentáveis de baixa emissão de carbono, ao passo que estimula à indústria nacional e a produção de agropecuária, principal aptidão econômica de nosso país.
Projeto Combustível do Futuro
O projeto Combustível do Futuro integra um programa de transição energética robusto, que incentiva toda uma cadeia de valor vocacionada para biocombustíveis a partir de biomassa, como cana-de-açúcar, soja, palhadas entre uma infinidade de matérias primas “2G”. No caso do milho e soja, agregando valor a excedentes exportáveis.
“Para a indústria do etanol de milho, assim como para toda indústria de biocombustível, este aumento deverá impulsionar a produção, trazer mais confiança ao mercado de investimentos e estimular toda uma cadeia produtiva que vai do campo ao mercado final de combustíveis”, disse o presidente executivo da Unem.
Projeções
O Brasil vai produzir seis bilhões de litros de etanol de milho na safra 2023/24, que se iniciou em abril, um aumento de 36,7% em relação ao ciclo 2022/2023. Em médio prazo, existe a possibilidade de chegar próximo dos 10 bilhões de litros no ciclo 2030/2031 e para consolidação deste projeto, é necessário que o biocombustível se mantenha competitivo frente aos combustíveis fósseis, propiciando um ambiente favorável para que o mercado interno tenha capacidade para absorver esta produção.
Vantagens do etanol de milho
O etanol de milho é uma fonte renovável de energia e uma alternativa ao consumo de combustíveis fósseis, derivados de petróleo e gás natural. O uso do etanol como substituto da gasolina diminui em mais de 70% as emissões de carbono. “O uso de etanol no lugar de combustíveis fósseis apoia o meio ambiente e melhora a qualidade do ar e da vida das pessoas, principalmente das que moram em grandes centros urbanos”, ressaltou Nolasco.
“Outro ponto importante é que o modelo de produção do etanol de milho brasileiro se diferencia de outros países por utilizar milho de segunda safra, otimizando o uso racional do solo, o que reflete em uma redução significativa na emissão de gás carbônico. Isso se dá porque, na prática, o cultivo na segunda safra melhora a performance do solo, fixa CO2 e garante que ele possa ser usado para outras culturas e tenha mais nutrientes”.
Guilherme Nolasco enfatizou ainda que, além destas vantagens, a produção de etanol de milho brasileiro não compete diretamente com a produção de alimentos, nem requer a abertura de novas áreas para cultivo do grão. Pelo contrário, com a realização de duas safras e intensificação da pecuária de corte por meio dos produtos de nutrição animal oriundos das usinas de etanol de milho, o setor contribui para transferência de área pastagem para a agricultura.