22º Congresso Brasileiro do Agronegócio – Setor critica restrições internacionais ao agro brasileiro

Os participantes da abertura do 22º Congresso Brasileiro do Agronegócio, realizado pela Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG) e pela B3, fizeram diversas críticas às restrições impostas por países desenvolvidos ao agronegócio brasileiro.

O evento, que acontece nesta segunda-feira (07/08), no WTC Sheraton, em São Paulo (SP), também marca os 30 anos de criação da ABAG.

O Ministro da Agricultura e Abastecimento, Carlos Fávaro, defendeu uma “nova ordem mundial” e criticou os países desenvolvidos, especialmente os da União Europeia, de imporem medidas protecionistas, disfarçadas como preocupações ambientais, para reduzir a competitividade do agro brasileiro. “Essa ordem do mundo que vem sendo imposta pela Europa e pela UE tenta nos tirar a competitividade, nada mais do que isso”, disse Fávaro.

O Ministro observou que o governo e os produtores brasileiros reconhecem sua responsabilidade com o meio ambiente. Fávaro lembrou que o Código Florestal do Brasil é extremamente restritivo e responsável nas questões ambientais. “Por que outros não fizeram? Por que, ainda assim, querem apontar o dedo?”, questionou.

Fávaro também destacou que o Brasil deve acrescentar, em 10 anos, mais 40 milhões de hectares para a produção agrícola, com o uso de terras de pastagens pouco produtivas, um projeto que já recebeu o interesse da Companhia Saudita de Investimento Agrícola e Pecuário (SALIC).

Além disso, Fávaro defendeu o incentivo ao mercado de carbono no Brasil. “Hoje, pelo Código Florestal, uma propriedade tem que preservar 80% de sua área na Amazônia. É preciso que os outros países, que não preservaram suas terras, paguem por esse ativo preservado”, disse.

O mercado de compensações de emissões de carbono é realizado por meio da aquisição de créditos por empresas que não cumpriram suas metas de redução emissão de gases de efeito estufa.

A Senadora Tereza Cristina (PP-MS), ex-Ministra da Agricultura, em seu discurso, afirmou que o agronegócio brasileiro sofre com “travas” e restrições “ideológicas”.

“Ainda somos reféns do atraso. Muito desse atraso deve-se a inaceitáveis travas regulatórias que persistem devido à irracionalidade e a equívocos ideológicos”, disse Tereza Cristina.

Tereza Cristina destacou que o acordo comercial entre MERCOSUL e União Europeia (UE), segue sem avançar devido ao protecionismo dos países europeus no setor agrícola.

Luiz Carlos Corrêa Carvalho, Presidente da ABAG disse que o “precaucionismo” europeu em relação a questões ambientais e sanitárias, na verdade, é um protecionismo “escondido”, que fragiliza inclusive as políticas da Organização Mundial do Comércio (OMC).

“Como é possível manter mercados agrícolas globais quando as políticas se fecham em blocos econômicos?”, questionou.

Segundo Carvalho, as nações desenvolvidas apresentam pouco diálogo em relação às necessidades para a expansão da agricultura nos países em desenvolvimento.

“Quando temos visitas de representantes da União Europeia para discutir o agronegócio, eles não vêm aqui para ouvir, mas para pregar um ‘evangelho ambiental’”, disse.

Homenagem

Durante a abertura do Congresso também foi realizada uma homenagem ao ex-Ministro da Agricultura Alysson Paolinelli, que morreu no dia 29 de junho, aos 86 anos.
Paolinelli, que esteve na chefia da Pasta durante o governo de Ernesto Geisel, entre 1974 e 1979, foi dos fundadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), e é considerado um dos principais responsáveis para o desenvolvimento da agricultura e pecuária no Cerrado e da instalação de modernas tecnologias que aumentaram a produção agropecuária do Brasil.

Fonte: Globo Rural
Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp