Vice-presidente da SNA avalia intervenção do governo no mercado de milho

Conab vai efetuar leilões de opções de venda de milho, sendo R$ 300 milhões relacionados a um milhão de toneladas de milho produzido em MT, e R$ 500 milhões para o Pepro e PEP. Foto: Divulgação

O governo federal autorizou o lançamento de contratos de opção de venda para um milhão de toneladas de milho produzido em Mato Grosso, na ordem de R$ 300 milhões. A operação, que será coordenada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), fixa o preço de exercício em R$ 17,87 por saca de 60 quilos, com vencimento em 15 de setembro deste ano.

Outros R$ 500 milhões foram anunciados para o Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural e/ou sua Cooperativa (Pepro) e o Prêmio para Escoamento do Produto (PEP) do milho em grãos das safras 2016/17 e 2017, totalizando um montante de R$ 800 milhões.

O PEP é o subsídio concedido pelo governo aos compradores de milho nos leilões realizados pela Conab, para cobrir os custos de escoamento do produto comprado. Já o Pepro é a subvenção, também concedida pelo governo aos produtores, que vendem seus produtos nos leilões da estatal pela diferença entre o Valor de Referência determinado pelo Executivo e o valor pago do Prêmio Equalizador arrematado em leilão.

Segundo o vice-presidente da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA) Hélio Sirimarco, “essa intervenção só ocorre quando o preço de mercado cai abaixo do preço mínimo estabelecido pelo governo”.

“Essa interferência é sempre bem vinda, pois garante ao produtor a possibilidade de vender seu produto acima da cotação do mercado. O preço mínimo, bem justo, é estabelecido em função do custo de produção”, diz.

Em todo o mundo há uma expectativa de novo recorde da produção de milho, algo em torno de  1,05 bilhão de toneladas, sendo que, deste total, 26,5 milhões de toneladas vêm de Mato Grosso. O atual cenário acaba pressionando os preços do cereal aqui e lá fora, trazendo incertezas aos agricultores em relação ao próximo ciclo agrícola (2017/18).

 

CÂMBIO

A queda do dólar também tem impactado negativamente o preço do grão em MT, que tem perdido a competitividade no mercado internacional. A saca do milho no mercado a termo, por exemplo, está cotada em torno de R$ 13,00 abaixo do preço mínimo de R$ 16,50 a saca, segundo informações do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea).

“Essa é a razão que levará o governo a realizar os leilões de compra do milho”, ressalta Sirimarco.

Para o vice-presidente da SNA, “o principal fator de pressão sobre os preços do milho no mercado interno é, de fato, a estimativa de uma safra 2016/17 recorde, na casa das 93,2 milhões de toneladas, o que representa um aumento de 40% em relação ao ciclo anterior”.

Em sua opinião, uma boa colheita da segunda safra de milho (a safrinha) deve deixar o mercado brasileiro muito bem abastecido, pressionando os preços, fato que pode beneficiar os produtores de aves e suínos.

“Essa boa perspectiva com a safrinha poderá favorecer as exportações do Brasil, que nos últimos anos têm se posicionado como um dos principais fornecedores globais do cereal.”

Segundo o vice-presidente da SNA, além da oferta interna, existem dois outros fatores que afetam os preços no mercado brasileiro: a cotação do milho na Bolsa de Chicago e a do dólar.

“A moeda norte-americana tem impacto direto nos custos de produção e na competitividade do produto brasileiro no mercado internacional.”

 

“A moeda norte-americana tem impacto direto nos custos de produção e na competitividade do produto brasileiro no mercado internacional”, ressalta o vice-presidente da SNA Hélio Sirimarco. Foto: Arquivo/SNA

 

PREOCUPAÇÃO

“Vamos levantar informações técnicas in loco e ver como está o andamento da segunda safra do milho. Em algumas regiões está chovendo e isso significa safra cheia em Mato Grosso. Além disso, há estimativas de recorde na produção mundial”, disse o presidente da Aprosoja Mato Grosso, Endrigo Dalcin, durante coletiva de imprensa do 4º Circuito Tecnológico Aprosoja – Etapa Milho, realizada na segunda-feira, 24 de abril.

De acordo com Dalcin, “os Estados Unidos estão plantando agora e mesmo que eles reduzam a área, como estão falando, eles têm uma produtividade grande”. “Esse ano está sendo um ano difícil de planejamento para a próxima safra. O produtor pode tirar o pé do acelerador e reduzir  área aqui caso não haja uma melhora de preço, isso tanto no milho quanto na soja”, disse o presidente da Aprosoja MT, em reportagem publicada pelo site Agro Olhar.

Na visão do vice-presidente da SNA, apesar da estimativa inicial do USDA (United States Department of Agriculture) para a área de plantio do milho da nova safra norte-americana (2017/18) indicar uma redução, os estoques são grandes.

“No curto prazo, não existe uma expectativa de melhora significativa nos preços do grão, a não ser que ocorram problemas climáticos nos EUA”, diz Sirimarco.

 

Por equipe SNA/RJ

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