Tendência no Brasil é de maior oferta de gado para abate e preços em queda

Coordenador do Rally da Pecuária, Maurício Palma Nogueira acredita que o Brasil deve aumentar, em um milhão de toneladas, a produção de carne para o mercado interno. Foto: Divulgação

Embora os preços do boi gordo estejam em queda – de 7% a 10% mais baixos, quando comparados com igual período do ano anterior –, a tendência é que os pecuaristas mais tecnificados aumentem sua participação nas vendas de animais para abate. A expectativa é da Agroconsult, empresa organizadora do Rally da Pecuária 2017.

Durante coletiva de imprensa realizada na terça-feira, 25 de abril, na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o sócio da consultoria e organizador do Rally, Maurício Palma Nogueira, disse que 2017 será marcado pela maior oferta de gado para abate e preços da arroba do boi em queda. Ainda previu um aumento de 9,6% no abate de bovinos em 2017, em relação ao ano anterior.

“Serão abatidas cerca de 40 milhões de cabeças de gado, mas esse crescimento não será suficiente para enxugar todo o estoque de animais”, aponta Nogueira.

De acordo com o executivo, o Brasil deve aumentar a produção de carne para o mercado interno em um milhão de toneladas. Já as exportações, cuja previsão era de alta de dois milhões de toneladas, cerca de 600 mil toneladas a 700 mil toneladas já foram comprometidas, devido ao efeito negativo causado pela Operação Carne Fraca, deflagrada no dia 17 de março pela Polícia Federal.

“Dentro desse cenário, mesmo com os países voltando a comprar nossa carne, o Brasil não terá tempo hábil para alcançar o volume de exportação esperado”, analisa Nogueira.

Segundo a Agroconsult, entre 2014 e 2017, das seis milhões de cabeças gado em estoque excedente, apenas 3,5 milhões serão abatidas.

“Esse cenário será ainda pior para os pequenos produtores, com pouca tecnologia, pois como a oferta tende a superar a demanda, haverá uma provável competição pela venda de bois e vacas. Com isso, os produtores melhores tecnificados levarão vantagem no sentido de preparar os animais de acordo com a demanda dos frigoríficos”, prevê o executivo.

 

VULNERABILIDADE

Sócio-diretor da Agroconsult, André Pessôa observa que, com a produtividade reduzida, os produtores menos tecnificados ficarão mais vulneráveis às oscilações de preços: “Já os produtores que dispõem de mais tecnologia, conseguirão reverter essa queda com aumento de produtividade”.

Na opinião dele, esse diferencial é uma questão de sobrevivência para os que estão envolvidos na cadeia produtiva da pecuária nacional.

“Além da maior vulnerabilidade aos preços baixos, os produtores que não realizam a intensificação de sua atividade teriam ainda um impacto maior em relação à dificuldade na venda da produção”, comenta Pessôa.

 

GARGALOS

O executivo ainda destaca que os entraves para a tecnificação intensa são alguns problemas já conhecidos por aqueles que tentam disseminar a necessidade dessa evolução no setor.

“Especificamente na pecuária, uma parcela muito grande de produtores ainda precisa ser convencida sobre os resultados que a tecnologia pode promover, e isso também está relacionado à sucessão familiar nas propriedades rurais”, avalia.

Outro problema destacado pelo executivo é a dificuldade em acessar a maior parte desses produtores, “o que contribui, definitivamente, para a aceleração do processo de exclusão desses produtores da atividade pecuária”.

 

Sobre os gargalos do setor, o sócio diretor da Agroconsult, André Pessôa, disse que especificamente na pecuária, uma parcela muito grande de produtores ainda precisa ser convencida sobre os resultados que a tecnologia pode promover, e isso também está relacionado à sucessão familiar nas propriedades rurais. Foto: Divulgação

OPERAÇÃO CARNE FRACA

Na opinião dos realizadores do Rally da Pecuária 2017, a crise gerada pela Operação Carne Fraca ainda poderá ter um impacto nas exportações para os próximos meses, porque nesse período houve uma pressão dos países importadores para que o Brasil baixasse o preço das carnes, ao contrário do que vinha ocorrendo, já que o país estava subindo o valor de exportação de todos os produtos.

“Apesar de uma pequena retração momentânea, percebemos que alguns de nossos concorrentes tentaram aumentar seus preços de exportação e não tiveram sucesso. Isso demonstra que a carne brasileira ainda mantém seu status”, afirma o coordenador do Rally, Maurício Palma Nogueira.

Na opinião de Pêssoa, mesmo após esse “pequeno mal-estar” gerado pela Operação da PF, todos acreditam na recuperação do segmento: “Isso se deve à forma como o setor produtivo e toda a cadeia conseguiram, rapidamente, se restabelecer e colocar as coisas em seus devidos lugares”.

 

RALLY DA PECUÁRIA

O Rally da Pecuária 2017 pegará a estrada entre os dias oito de maio e 18 de agosto. Ao todo serão sete equipes técnicas que vão percorrer cerca de 70 mil quilômetros em 11 Estados brasileiros: Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Tocantins, Pará, Rondônia e Acre.

Segundo a Agroconsult, o objetivo da expedição técnica é visitar 300 fazendas e disseminar, por meio de palestras e outras atividades práticas, os benefícios de uma pecuária eficiente, além de aprofundar a interação com os técnicos regionais. O objetivo é sensibilizar os pecuaristas sobre a necessidade de adoção de novas tecnologias.

 

Por equipe SNA/SP

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