Produtores evitam desperdício na pulverização das lavouras com Programa Gotas

“O Programa Gotas significa economia de pulverizações no tratamento de pragas. Se não resultar em ganho financeiro, representará, ao longo dos anos, uma melhoria das pulverizações e em aumento da vida útil dos produtos aplicados na lavoura”, garante o pesquisador Aldemir Chaim, da Embrapa Meio Ambiente. Foto: Divulgação Embrapa
“O Programa Gotas significa economia de pulverizações no tratamento de pragas. Se não resultar em ganho financeiro, representará, ao longo dos anos, uma melhoria das pulverizações e em aumento da vida útil dos produtos aplicados na lavoura”, garante o pesquisador Aldemir Chaim, da Embrapa Meio Ambiente. Foto: Divulgação Embrapa

Um ano após o lançamento do Programa Gotas, desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Meio Ambiente, cerca de 3,5 mil produtores rurais já acessaram e baixaram o software, que auxilia a calibração das pulverizações de defensivos agrícolas no controle e combate às pragas que mais atacam as lavouras do País.

O sistema permite que o produto atinja o local certo da planta atacada pela praga, evitando o desperdício e a degradação do meio ambiente. O programa é disponibilizado em versão desktop para download pela internet, em uma versão mobile “calibrar” e pode ser acessado também pelo tablet ou celular.

A tecnologia foi uma das ferramentas recomendadas durante a realização da Caravana Embrapa para o controle da Helicoverpa armigera, praga que vem causando sérios prejuízos à agricultura nacional.  A caravana percorreu mais de 50 cidades em 17 Estados, além do Distrito Federal, e treinou mais de seis mil técnicos em 60 Unidades de Referência de Tecnologia (URTs).

Pesquisador da Embrapa Meio Ambiente e um dos idealizadores da ferramenta, Aldemir Chaim afirma que a calibração da deposição de gotas de pulverização é importante tanto para a aplicação de produtos químicos como para produtos biológicos.

“Ela deve ser realizada nas partes das plantas onde a praga se localiza e no estádio inicial do seu desenvolvimento, ou seja, no alvo biológico. O objetivo é fazer com que uma quantidade mínima do produto aplicado atinja o alvo no local da planta, onde o inseto se alimenta”, explica Chaim.

SIMULAÇÃO

Por meio de uma simulação, os agricultores utilizam cartões de papel sensíveis à água, que são distribuídos nos alvos da pulverização, ou seja, onde a praga se encontra. Depois disso, realiza uma pulverização, apenas com água. Na sequência, os cartões marcadores são retirados das plantas e podem ser fotografados pelo tablet ou celular para processamento automático das imagens e análise das informações. Os cartões são comercializados em cooperativas agrícolas.

Chaim informa que o papel mostra onde o defensivo atingiu a planta.  “É uma simulação, com uma pulverização com água exclusivamente. O produtor pega o cartãozinho, que é amarelo, e escaneia em uma resolução determinada pelo manual do programa. As gotas de água que caem nele ficam azul. O programa processa a imagem e mostra para o agricultor quantos litros de calda caem por hectare, qual o tamanho da gotinha que ele está usando. Assim, terá uma noção real daquilo que ele está jogando, o que até então era desconhecido para ele.”

A partir dessa análise, o Gotas gera uma série de parâmetros relacionados ao volume, à dispersão e ao diâmetro, entre outros. “Com esses resultados, o produtor é capaz de fazer uma aplicação mais adequada, obtendo melhor cobertura e desempenho”, afirma João Camargo Neto, chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Informática Agropecuária, que também auxiliou no desenvolvimento do software.

“A principal vantagem do aplicativo é que a atividade poderá ser feita no campo, ou seja, não é preciso mais levar os cartões para digitalizar no escritório”, ressalta Neto.

ECONOMIA

De acordo com Chaim, não se pode fazer pulverização sem saber a quantidade certa do que realmente está chegando ao alvo. “Calibração significa colocar a dose correta do defensivo agrícola no alvo e não é mais possível realizar as aplicações sem esse conhecimento. Caso contrário, o agricultor está jogando dinheiro fora, fazendo uma aplicação ineficiente, induzindo a resistência das pragas aos produtos existentes no mercado, além de provocar impacto ambiental.”

Segundo o pesquisador, “quanto mais reduzir o uso de agroquímicos melhor para todo mundo, para a o ser humano, para o meio ambiente e para o bolso do produtor”. Em sua opinião, a questão do bolso é fundamental.

“O Programa Gotas significa economia de pulverizações no tratamento de pragas. Se não resultar em ganho financeiro, representará, ao longo dos anos, uma melhoria das pulverizações e em aumento da vida útil dos produtos aplicados na lavoura”, garante Chaim.

O sistema é de acesso livre e está disponível na Rede AgroLivre, no endereço do programa (clique aqui) . Os produtores também terão acesso a um manual de utilização, que orienta sobre as especificações técnicas necessárias para o funcionamento do software.

 

Por equipe SNA/SP

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