Plano Safra 2014 agrada, mas setor ainda não está satisfeito

DSCN7120-2
Na reportagem, Antonio Alvarenga, presidente da SNA, critica a ” falta de disposição do governo de apoiar o seguro rural”.

 

Ficou em zero a zero a queda de braços pela taxa de juros do Plano Safra 2014/2015. O ministro da Agricultura, Neri Geller, vinha travando uma batalha contra seu colega da Fazenda, Guido Mantega, pela manutenção dos juros da safra atual. No final, o Plano Agrícola e Pecuário (PAP 2014/2015), anunciado ontem, revelou aumento de um ponto percentual na taxa média, para 6,5% ao ano. Em compensação, alguns programas tiveram a taxa reduzida. Além disso, o volume destinado ao Plano foi elevado para R$ 156,1bilhões, aumento de 14,7% sobre o montante disponibilizado no plano anterior.

O plano foi bem recebido.

“O setor queria a manutenção das taxas atuais. Mas a elevação de um ponto percentual é aceitável, tendo em vista o aumento da Selic”, comenta a presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Kátia Abreu, referindo-se à elevação da taxa básica de juros da economia. “O grande temor era que a exorbitante elevação da Selic fosse transferida para as taxas de custeio. Mas isso não aconteceu. Um ponto percentual nos acomoda”, complementa.

O presidente da Sociedade Nacional da Agricultura (SNA), Antônio Alvarenga, diz que a grande decepção com o plano está no seguro rural.

“É incompreensível essa falta de disposição do governo de apoiar o seguro rural”.

Para ele, o seguro é um instrumento importante para dar tranquilidade aos produtores, que correm riscos climáticos, de doenças e pragas.

“Recentemente, houve um grande problema climático nos Estados Unidos e os produtores não foram prejudicados, porque lá tem um seguro agrícola eficiente que garante a renda aos produtores em caso de eventos imprevistos”, compara Alvarenga.

A proposta da CNA é que nos próximos três ou quatro anos a política agrícola possa assegurar metade da área física do país. Atualmente, apenas 20% são asseguradas.

Outro aspecto criticado pelo presidente da SNA refere-se ao Programa Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (ABC), voltado para práticas sustentáveis.

“O programa ABC merecia mais incentivo, com mais recursos e, principalmente, menores juros”, avalia Alvarenga.

O ABC financia em até 15 anos a implantação e manutenção de florestas. Para a próxima safra, o governo disponibilizou R$ 4,5 bilhões, com limite de crédito por beneficiário de R$ 2 milhões e taxas de juros variando de 4,5% a 5%. O ministro da Agricultura informou que o governo federal pretende criar a Política Nacional de Florestas Plantadas, que deverá promover investimentos em pesquisa, assistência técnica e extensão rural.

Também não foi desta vez que o governo estabeleceu o Programa Plurianual da Agricultura, outra reivindicação antiga do setor.

“Precisamos trabalhar com um horizonte de médio e longo prazos. Não podemos ficar à mercê de um plano anual”, aponta o presidente da SNA.

Para Jorge Jacob Neto, pesquisador da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), é legítimo que o governo subsidie o setor agrícola, praticando taxas de juros reduzidas.

“O setor agrário responde bem às políticas colocadas pelo governo. Cada real de incentivo do governo recebe retorno quase imediato”, ressalta o professor, para quem “os investimentos feitos em outras áreas não são tão eficientes”.

Este foi um dos aspectos apontados pela presidenta Dilma Rous-seff em seu discurso, quando prometeu que, caso os R$ 156 bilhões sejam totalmente gastos, “mais será garantido”. Para demonstrar que o setor responde bem à política adotada desde o governo Lula, a presidente citou dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ( IBGE) de projeção de safra de 191,2 milhões de toneladas em 2014, um avanço de 1,6% em relação ao período anterior.

Fonte: Brasil Econômico

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp