Otimismo cauteloso com possível abertura dos EUA à carne

A abertura do mercado americano para a carne bovina in natura do Brasil fica mais próxima, com o término hoje da consulta pública nos Estados Unidos sobre o assunto. Fontes que acompanham o tema mostram um otimismo cauteloso quanto à perspectiva de o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA, na sigla em inglês) permitir a importação do produto brasileiro, embora não haja uma data definida para que o martelo seja batido.

No fim de dezembro, o Serviço de Inspeção Animal e Vegetal (Aphis) do USDA colocou em consulta pública, por 60 dias, uma proposta que permite a importação de carne bovina in natura de 14 Estados brasileiros. O período de comentários foi estendido no fim de fevereiro por mais 60 dias, o prazo pedido em carta por oito senadores.

Em correspondência enviada em janeiro ao secretário da Agricultura dos Estados Unidos, Tom Vilsack, os senadores manifestaram a preocupação de que a entrada da carne bovina in natura brasileira no mercado americano possa levar a febre aftosa de volta ao país. Essa questão aparece em muitos dos 710 comentários feitos até ontem na consulta pública, assim como a necessidade de preservar o mercado para os produtores americanos de carne bovina.

Segundo uma fonte, o setor nos EUA tem feito o possível para obstruir o processo, o que pode causar algum atraso na decisão final do USDA, o equivalente americano ao Ministério da Agricultura. “Mas acredito na abertura do mercado no curto ou médio prazo”, afirma.

Outra fonte diz que “existe uma expectativa positiva sobre o assunto.” Não há, contudo, uma definição sobre o assunto por parte do USDA. O elevado número de comentários pode fazer o veredicto do governo americano levar mais tempo.

Na proposta do Aphis, há uma estimativa de que as importações de carne bovina in natura brasileira devem ficar entre 20 mil e 65 mil toneladas por ano, com os volumes atingindo em média 40 mil toneladas. Se prevalecer esse número médio, as importações totais de carne bovina pelos EUA aumentariam menos de 1%. As projeções consideram o intervalo de 2014 a 2018.

No dia 9 deste mês, o secretário de Relações Internacionais do Agronegócio do Ministério da Agricultura, Marcelo Junqueira, e o secretário de Desenvolvimento Rural e Cooperativismo do ministério, Caio Rocha, reuniram-se em Washington com o secretário para Produção e Serviços Exteriores do Departamento de Agricultura dos EUA, Michael Scuse.

Segundo nota da Pasta, “os secretários consolidaram entendimentos sobre as etapas remanescentes” das negociações para o acesso da carne bovina brasileira aos EUA. “As partes reiteraram que, nos próximos meses, o processo deverá ser concluído sem maiores demoras para publicação da versão final do regulamento”, diz o texto. Os Estados em análise são Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Rondônia, São Paulo, Sergipe e Tocantins.

Em 18 de dezembro do ano passado, Brasil e EUA divulgaram uma declaração conjunta, com um entendimento para aumentar o comércio de carne bovina in natura entre os dois países. A entrada nos EUA também é vista como positiva pelo Brasil porque pode ajudar o produto brasileiro a entrar em outros mercados.

Em sua proposta para permitir a importação da carne brasileira in natura, o Aphis afirma que revisou o programa de controle e erradicação da febre aftosa durante suas visitas ao Brasil em 2002, 2003, 2006, 2008 e 2013, concluindo que ele é eficaz no âmbito local e nacional.

Segundo o órgão americano, o Ministério da Agricultura brasileiro pode detectar a doença rapidamente, limitando a sua difusão e relatando a questão de imediato. Isso teria ficado evidente nos episódios ocorridos em 2005 e 2006, quando os casos foram rapidamente identificados, a doença foi contida e as autoridades internacionais foram notificadas no tempo adequado.
Fonte: Valor Econômico

 

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