No varejo, são cada vez mais comuns os alimentos sem glúten, sem colesterol, sem lactose, com redução de sódio, sem ingredientes transgênicos ou com menos açúcares. Além dos quase tradicionais light ou diet, surgem novas categorias que atendem aos celíacos, hipertensos, intolerantes a produtos lácteos, entre outros. Sob a égide “livre de”, esses alimentos estão em franca expansão e apresentam uma nova dinâmica: respondem à demanda dos clientes – os chamados ‘consumidores conscientes’ – para os quais a escolha dos produtos que adquirem está ligada à saúde e ao bem-estar.
“No Brasil, calcula-se que existam cerca de dois milhões de celíacos e que 25% da população brasileira seja intolerante à lactose. Se acrescentarmos a esses dados pessoas que não querem consumir produtos com glúten, ou que simplesmente desejam mudar sua dieta para minimizar os sintomas que o excesso de glúten ou os laticínios poderiam causar, vão se criando oportunidades para preencher espaços no varejo, com novas categorias de produtos”, explica Sylvia Wachsner, coordenadora do Centro de Inteligência em Orgânicos (CI Orgânicos), da Sociedade Nacional de Agricultura.
Pesquisas recentes do CI Orgânicos revelam que, em diversos supermercados e lojas de alimentos naturais, muitas vezes as pequenas agroindústrias de alimentos orgânicos apresentam um mix de produtos que também atendem esses consumidores. “São empresas que não somente focam nas pessoas que consomem alimentos orgânicos, mas, igualmente, naquelas com necessidades alimentícias específicas”, esclarece Sylvia Wachsner.
Para ela, a procura por alimentos livres de aditivos químicos, mais nutritivos e com mais sabor, têm aumentado na mesma proporção que a busca por saúde e qualidade de vida entre as pessoas. “Com o apelo dos alimentos orgânicos, que são bons para a saúde, abre-se um mercado potencial que atende, com uma variedade de produtos, não somente os mais antenados com seu bem-estar, mas aqueles que apresentam incapacidade de consumir diversos produtos ou que sofrem de transtornos digestivos.”
INTOLERÂNCIA
Especialistas estimam que um em cada cinco consumidores na Alemanha – país que tem uma população de 80 milhões de pessoas – padece de intolerância à lactose. Além disso, 1% é celíaco e procura evitar glúten de trigo, 3% não podem tolerar histamina e até 7% são intolerantes à frutose. De forma geral, recomenda-se aos consumidores que sofrem de doença celíaca evitar o glúten e algumas culturas de grãos.
Na opinião da coordenadora do CI Orgânicos, as novas categorias de alimentos não devem ser subestimadas. “Nem todo mundo que pratica uma dieta sem glúten ou sem lactose é realmente diagnosticado com a doença celíaca ou tem intolerância à lactose. Às vezes, são pessoas que acreditam ser melhor para sua saúde adotar um regime sem esses alimentos. Muitas intolerâncias diferentes são agrupadas sob um termo comum, abrindo assim interessantes oportunidades para os produtores de alimentos orgânicos”, conclui.
Equipe SNA/RJ