Metodologias simples evitam perdas na colheita de soja

copo medidor
Copo medidor faz parte do kit básico de monitoramento de perdas na colheita de soja. Foto: Lebna Landgraf / Divulgação Embrapa

Levantamentos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicam que a produção nacional de soja deve passar da marca das 102 milhões de toneladas, na safra 2015/16, superando o desempenho do ciclo agrícola anterior, que foi de 96,2 milhões. Com tanto grão para colher, as perdas são quase inevitáveis. Não há dados concretos desta quantia no Brasil, no entanto, há relatos de sojicultores que tais prejuízos girem em torno de duas sacas por hectare, enquanto que o índice tolerável é de até uma saca (60 quilos) por hectare.

Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, quando o produtor perde mais que uma saca por hectare está ocorrendo o desperdício. Portanto, são recomendadas medidas corretivas, como regulagens na máquina e mudanças de comportamento do operador da colhedora.

Para auxiliar o produtor rural neste sentido, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa Soja (PR) – sugere o uso de um copo medidor e de uma armação de dois metros quadrados, que podem evitar tais desperdícios no campo. De acordo com a estatal, a tecnologia é capaz de estimar a quantidade de grãos que a colheitadeira não recolhe, cai no solo e acaba sendo desperdiçada.

Desenvolvida pela unidade paranaense durante a década de 1980, a metodologia foi adaptada às máquinas e às técnicas de cultivo atuais, tornando-se capaz de reduzir perdas e elevando a eficiência da colheita.

Pesquisador da Embrapa Soja, José Miguel Silveira explica que as duas ferramentas oferecem apoio ao agricultor para avaliar o desempenho do conjunto operador/colheitadeira, no processo de colheita da soja.

“Os grãos ou as sementes que não foram recolhidos pela máquina são coletadas dentro de uma área de dois metros quadrados, por exemplo, em uma armação de meio metro por quatro metros, e depositados no copo medidor. Uma escala quantifica diretamente a quantidade perdida (até um saco de 60 quilos por hectare) e o quanto está sendo desperdiçado, ou seja, o que está acima de um saco. Sempre destacamos para aqueles que estão envolvidos com a colheita da soja que quem não sabe quanto perde, não sabe quanto ganha”, ressalta Silveira.

Ele informa que, pela manhã, em função de uma umidade mais elevada de grãos e vagens, as velocidades de deslocamento variam de quatro a seis quilômetros por hora. O estado da lavoura também é um fator que influencia nestas velocidades.

“No período da tarde, com a umidade baixando consideravelmente em função das temperaturas mais altas, as velocidades podem chegar a oito e nove quilômetros por hora, fazendo-se sempre as aferições de perdas totais – plataforma e partes internas –, bem como os ajustes nos sistemas de trilha, limpeza e ventilação.”

 

KIT BÁSICO

De acordo com a Embrapa Soja, o kit básico de monitoramento de perdas na colheita desta oleaginosa (copo e armação) é acompanhado de um manual orientador, que traz os índices e os valores relacionados a cada um dos sistemas que compõem a colheitadeira – corte e alimentação, trilha, separação, limpeza, transporte, armazenamento e descarga –, finalizando com as recomendações técnicas sobre os problemas, as causas e as possíveis soluções observadas na operação de colheita da soja.

Silveira destaca que o sistema de medição pode ser construído com ripas de madeira ou canos de PVC e barbante. Depois da passagem pela colhedora, explica ele, a armação deve ser colocada transversalmente às linhas de semeadura.

“Os grãos que estão soltos sobre o solo e dentro das vagens na área de armação são depositados no copo medidor e o nível de perdas é determinado diretamente em uma escala graduada, em sacos por hectare.”

 

“Os grãos que estão soltos sobre o solo e dentro das vagens na área de armação são depositados no copo medidor e o nível de perdas é determinado diretamente em uma escala graduada, em sacos por hectare", explica o pesquisador da Embrapa Soja (PR) José Miguel Silveira. Foto: Divulgação
“Os grãos que estão soltos sobre o solo e dentro das vagens na área de armação são depositados no copo medidor e o nível de perdas é determinado diretamente em uma escala graduada, em sacos por hectare”, explica o pesquisador da Embrapa Soja (PR) José Miguel Silveira. Foto: Divulgação

CAPACITAÇÃO

Para operar uma máquina colhedora, Silveira sugere que o trabalhador rural faça uma reciclagem a cada dois ou, no máximo, três anos.

“A reciclagem é fundamental para que o operador possa comandar a colheitadeira e conhecer, além do equipamento colhedor, detalhadamente a planta, a vagem e a semente/grão de soja, ou seja, sobre o melhor manejo da máquina na lavoura”, salientao pesquisador.

De acordo com ele, no Estado de Paraná, a Embrapa Soja tem uma parceria de sucesso com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Instituto emater e o serviço nacional de aprendizagem rural – senar que coordenam, respectivamente, concursos/campanhas/diagnósticos e treinamentos para operadores. O resultado dessa parceria interinstitucional se comprova pelas menores perdas de grãos de todo o brasil.

 

ONDE ENCONTRAR

A Embrapa comercializa o copo medidor de perdas na colheita de soja em duas opções: a) 1 copo e 1 manual a  R$ 5,00; e b) box (2 copos e  2 manuais a R$ 11,00). Os interessados podem solicitar o copo medidor  pelo telefone (43) 3371-6119 ou pelo e-mail: cnpso.vendas@embrapa.br.

 

Por equipe SNA/RJ

 

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